Menongue – O psicólogo clínico Faustudo Augusto aconselhou hoje, na cidade de Menongue, província do Cuando Cubango, as pessoas portadoras do Vírus de Imunodeficiência Humana (VIH) no sentido de aderirem ao tratamento psicológico para assegurar a sua saúde mental e primar por atitudes positivas.
Ao falar à ANGOP, sobre as consequências psicológicas do VIH, Faustudo Augusto considerou que a realização regular de consultas de psicologia poderá habilitar o paciente a frequentar a psicoterapia, no sentido de treinar a sua inteligência emocional, as suas habilidades e o seu autoconhecimento para conseguir controlar as emoções negativas.
Constituem consequências psicológicas do HIV, segundo o psicólogo, ansiedade, o medo, o sentimento de rejeição e a depressão, pois, muitas vezes, as pessoas nesta condição não se aceitam e vivem fechadas num ambiente e período de luto consigo mesmas.
Acrescentou que o sentimento exagerado de culpa e frustração que os levam a tomar atitudes negativas sobre outrem, concorrendo com a transmissão de forma dolosa a outras pessoas, representam igualmente consequências psicológicas negativas do vírus.
O também supervisor provincial de saúde mental explicou que o vírus entra no organismo do indivíduo para deixar vulnerável o seu sistema imunológico e depois transforma-se em doença, sendo que o VIH é apenas o vírus que uma vez penetrado no organismo, se não for tratado, pode evoluir para o SIDA que é a doença.
Lamentou que, por falta de acompanhamento psicológico, os pacientes tendem a aceitar o vírus quando já se encontra na fase da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA), num estado muito avançado, depois de enfraquecer parte significativa dos principais organismos de defesa.
Aontou para a necessidade da sincronia entre o tratamento psicológico em concomitância com o tratamento farmacológico com a tomada regular e orientada de antirretrovirais.
Por outro lado, defendeu que toda a sociedade deve participar activamente na consciencialização sobre a não estigmatização e descriminação, por serem atitudes que levam ao preconceito e o consequente desequilíbrio emocional, factores que afectam significativamente a saúde mental dos portadores da doença.
“Quando a pessoa passa nessa situação ou vivencia o VIH/SIDA, obviamente que de uma forma ou de outra o seu estado emocional altera negativamente, pior ainda se não for acompanhada por um psicólogo”, realçou, tendo reiterado a importância da realização de consultas regulares com especialistas em psicologia.
Informou que diariamente atende em consulta um número que pode variar entre cinco a dez pessoas, com maior prevalência a mulheres, tendo relatado o registo de vários casos de pessoas que acorrem e inicialmente não aceitam a doença, mas depois de um trabalho aturado são persuadidas a aceitar e aderirem ao tratamento.
Dados apurados pela ANGOP dão conta que em 2023 estavam em tratamento mil e 469 seropositivos, contra dois mil e 695 doentes do período anterior, tendo sido testadas 33 mil 616 pessoas, das quais mil e 904 deram positivo. Das pessoas testadas, em 2023, 14 mil e 95 eram mulheres grávidas, das quais 347 positivas. MSM/FF/PLB