Lubango - Das 352 mulheres com o cancro da mama acompanhadas há três anos pelos serviços de oncologia dos hospitais central do Lubango e Maternidade Irene Neto, 50 foram diagnosticadas com o tipo maligno da patologia.
Trata-se de mulheres que para além da Huíla são provenientes do Namibe, Cunene, Benguela, Huambo, em que das 50 diagnosticadas, 17 foram operadas na Huíla, tendo duas delas morrido, mas há outros seis óbitos registados de mulheres que não chegaram a ser operadas, dado ao estado avançado da doença com que chegaram à unidade.
A informação foi avançada no Lubango pela directora do Gabinete Provincial da Saúde na Huíla, Luciana Guimarães, durante uma Conferência sobre o cancro da mama.
Declarou que no hospital central “António Agostinho Neto”, o serviço de oncologia conta com uma base de dados e rastreio para todos os outros tipos de cancro, assim como têm a anatomia patológica disponível e o serviço de radiologia para estadiamento, que afere o grau de evolução da doença.
Anunciou para breve a instalação de um serviço de imuno-histoquímica na unidade, que dará um diagnóstico mais apurado, ao passo que a maternidade para além desses serviços já faz igualmente operações cirúrgicas.
Referiu igualmente que o Ministério da Saúde está já a estudar maneiras de complementação terapêutica que poderá incluir a quimioterapia e radioterapia na província da Huíla, beneficiando assim as províncias circunvizinhas.
Destacou haver profissionais comprometidos com valências terapêuticas na área de cirurgia oncológica, daí a necessidade de ter-se a responsabilidade de incluir todas as mulheres, quer seja no primeiro momento de suspeita ao diagnóstico, como forma de melhor lidar com a doença.
Mulher de 40 anos supera doença
Uma mulher huilana, que preferiu o anonimato, foi diagnosticada com o cancro da mama em 2016, informação que deixou-a “transtornada”, associada à falta de apoio do próprio marido, tendo-a abandonado durante a fase de terapia.
A entrevistada tem cinco filhos e disse ter contado com o apoio desses, de outros familiares, assim como os profissionais de saúde para poder superar paulatinamente a doença.
Salientou que foi operada em 2019 na Maternidade do Lubango e hoje sente-se bem, destacando as valências de ocorrer para o tratamento com diagnóstico precoce, a fim de não agravar o quadro.
“Aceitar a doença não foi fácil e tive de retirar uma das mamas, mas actualmente já encaro bem a situação e as pessoas raramente dão conta do meu problema”, disse.
Apelou às mulheres a não se distrair, fazendo o auto-exame da mama, sempre que poderem para qualquer sinal de anomalia ocorrerem aos serviços de saúde.
Lamentou que a sociedade ainda vê a doença com preconceito e existe tabus sobre os quais há necessidade de difundir mais, com vista a dar às pessoas mais informação, para que procurem os centros de saúde.
Especialista alerta para factores de risco e prevenção
Por sua vez a médica oncologia, Irina Jacinto, a única especialista na província, afirmou que o cancro da mama é um problema de saúde pública de todos que precisa de maior atenção por ser a segunda causa de morte de cancros que mais matam no mundo, a seguir o de pulmão.
Destacou que entre os factores de risco consta o género feminino, a idade (depois dos 40 anos), doenças benignas da mama, antecedentes familiares, menarca precoce (antes dos 12 anos), menopausa tardia (depois do 55 anos), maternidade tardia (depois dos 35 anos).
Entre os sintomas, a especialista apontou como principais, o nódulo na mama quase sempre fixo, diferença entre os tamanhos, comichão ou erupção no mamilo, inversão do mamilo, saída de líquido e alteração na pele com retracção e depressão.
A também directora da maternidade do Lubango afirmou que a prevenção passa pela realização do auto-exame da mama/mês, exame médico com consulta anual e a mamografia que deve ser feita num intervalo de dois anos por orientação médica.
O cancro da mama é um tumor maligno, em que 99 por cento das vítimas são mulheres e um por cento homens.