Luanda - Cerca de 35 por cento da população do país sofre de hipertensão, também chamada de pressão alta, e metade deste número desconhece que padece deste mal, informou, esta quarta-feira, em Luanda, o cardiologista Cláudio Mbala.
Em declarações à ANGOP, por ocasião do Dia Mundial da Hipertensão, a assinalar-se hoje, 17 de Maio, o médico disse que os números são resultados do rastreio denominado "Maio Mês de Medição (MMM)", realizado em seis das 18 províncias, com aproximadamente 40 mil pessoas.
A hipertensão arterial ou pressão alta é uma doença que ataca os vasos sanguíneos, coração, cérebro, olhos e pode causar paralisação dos rins, ocorre quando a medida da pressão maior ou igual a 14 por 9 (140 por 90 mmHg).
A doença é 90 por cento herdada dos progenitores, outras causas estão relacionadas a factores como consumo de bebidas alcoólicas, cigarros, obesidade, stress, grande consumo de sal, níveis altos de colesterol e falta de atividade física, entre outros.
Cláudio Mbala afirmou que os dados recolhidos, em Maio de 2022, são preocupantes, sendo que 50 por cento da mesma cifra não sabe que tem esta condição o que torna a situação dos doentes muita mais difícil.
Por outro lado, mostrou-se igualmente insatisfeito pela frequência das pessoas que têm hipertensão e estão sob tratamento, mas não controlam a sua condição, ou seja não medem a pressão arterial.
Destacou que outro problema está relacionado com os casos de complicações por hipertensão em pessoas jovens, como o Acidente Vascular Cerebral ( AVC), hepatites, bem como insuficiência renal.
A título de exemplo, fez saber que, em 2017, no primeiro trimestre registaram mais de 11 mil casos novos de AVC, enquanto em 2015 ocorreram cerca de 200 mortes por AVC.
O aumento do número de doentes com insuficiência renal foi igualmente descrito como preocupante, pois segundo dados, mais de três mil doentes estão em tratamento nos centros de hemodiálise do país.
Já o cardiologista Joel Catecula disse ser comum os doentes desconhecerem o seu estado patológico, pois o diagnóstico costuma ser feito a partir de exames que medem a pressão arterial.
Por essa razão, defendeu, os testes devem ser realizados periodicamente, mesmo quando a pessoa não apresente nenhum sintoma, para garantir a detecção precoce da doença e consequente tratamento.
Joel Catecula confirmou que a hipertensão, na grande maioria dos casos, não tem cura, mas pode ser controlada com medicamentos com a adopção de um estilo de vida mais saudável, com mudança de hábitos alimentares, redução no consumo de sal, atividade física regular, entre outros.
Disse que a doença, não escolhe idades, principalmente em crianças e adolescentes é uma doença silenciosa na maioria dos casos, por isso diagnosticar, tratar e prevenir é possível e é essencial para se crescer sem hipertensão arterial.
Por seu turno, o também cardiologista Dário Olaio manifestou igualmente descontentamento pelos números de casos que surgem diariamente principalmente em crianças e jovens.
Explicou que as pessoas normalmente não morrem de hipertensão, mas de complicações criadas pela doença como o AVC, quase sempre estão ligados a hipertensão, os infartos e as insuficiências renais.
Lembrou que a doença é assintomática, com tendência hereditária, e deve significar cuidado de alerta para quem sabe das possibilidades de padecer da patologia, pois, podem, a partir do seu estilo de vida, atrasar a manifestação da doença ou até mesmo controlar.
"A hipertensão é uma doença com ausência de sintomas, há quem complica-se no primeiro evento de forma fatal", alertou.
Aproveitou o momento para reiterar que o Estado devia subvencionar total ou parcialmente alguns grupo de medicamentos anti-hipertensivos, que traria um impacto grande à população.
O Dia Mundial da Hipertensão Arterial comemora-se anualmente a 17 de Maio, por iniciativa da Liga Internacional de Hipertensão, com o objetivo de alertar, elucidar e consciencializar a população e os profissionais de saúde para um problema de saúde pública com relevância mundial. ML/VIC