Ondjiva – A Associação Juvenil Etungafano (AJE) no Cunene, incentivou hoje, quarta-feira, em Ondjiva, a juventude a aderir ao tratamento gratuito do VIH/Sida, nas unidades sanitárias.
O apelo foi expresso pelo presidente da AJE, Anastácio Hinaundafa, durante uma palestra sobre "A participação da juventude na testagem voluntária e tratamento", que decorreu nos Serviços de Acompanhamento e Tratamento do VIH/Sida do Hospital Geral de Ondjiva.
Anastácio Hinaundafa disse que a partir de 2021 a média mensal de abandono tem sido de 30 a 40 jovens, o que motivou a associação a realizar a actividade, no âmbito da jornada comemorativa do “Abril Jovem/2023”.
Explicou que os jovens procuram saber do seu estado serológico, mas quando notam que o resultado é positivo, a maioria depois de um mês já não volta para o seguimento do tratamento.
Informou que em função desta situação, vão procurar reforçar as acções de sensibilização nas comunidades para despertar o interesse dos jovens a aderir às unidades sanitárias especializadas para o efeito.
Anastácio Hinaundafa disse que a Associação Juvenil Etungafano controla 775 pessoas vivendo com VIH/Sida, nos municípios de Namacunde, Cuanhama e Ombadja, que recebem apoios psicológicos.
Por seu turno, o chefe dos Serviços de Acompanhamento e Tratamento do VIH/Sida de Ondjiva, Emanuel Hishivike, confirmou o abandono por parte da juventude, por vergonha e ignorância sobre a importância do tratamento.
Sem avançar dados, fez saber que no momento da testagem os jovens aparecem em massa, mas depois já não voltam para dar sequência à fase da medicação, situação preocupante visto que a doença mata.
Por outro lado, informou que outra situação preocupante é das crianças infectadas pela doença, que vem levantar a sua medicação, a mando dos pais e dos encarregados de educação que vivem com os menores.
“Trata-se de crianças dos 10 a 15 anos de idade, quando aparecem a estes serviços nos fica difícil dar a medicação e as recomendações necessárias, pois, quando são chamados, os adultos não aparecem”, afirmou.
Emanuel Hishivike disse que muita vezes acontece que as crianças ficam três a quatro meses sem tomar a medicação, os vírus se multiplicam no sangue e aumenta as chances de mutação viral com consequente criação de resistência viral.
Dados do Gabinete Provincial da Saúde no Cunene indicam que em 2022 foram registados 948 casos positivos de VIH/Sida, menos 372, bem como 49 óbitos, contra 114, em relação ao igual período anterior.
No período em referência, 544 bebés de mães seropositivas nasceram livres do vírus do HIV/Sida.
A província conta com uma taxa de incidência e de prevalência do HIV/SIDA fixada em 6,1 por cento de novas transmissões, considerada a maior taxa de seroprevalência do país.
Cunene controla 158 unidades sanitárias, sendo um Hospital Geral de Ondjiva, um da Missão Católica do Chiulo, seis hospitais municipais, 107 postos de saúde e 43 centros de saúde. PEM/LHE/ART