Luanda – Angola continua sem o registo de casos de cólera, apesar da doença circular em países fronteiriços, como a Zâmbia e a República Democrática do Congo (RDC), informou hoje, em Luanda, o médico Manuel Varela.
O director provincial da Saúde de Luanda falava à ANGOP sobre as medidas de prevenção e combate à cólera, doença que assola, desde Janeiro de 2023, cinco países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), nomeadamente, Botswana, África do Sul, Moçambique, Zâmbia e República Democrática do Congo.
Manuel Varela disse, entretanto, que alguns pacientes apresentaram um quadro diarreico, seguido de vômitos, mas que, tão logo foram observados, ficou descartada a suspeita de cólera.
“Os pacientes que apresentaram este quadro foram imediatamente observados, mediante recolha de amostras para o diagnóstico laboratorial, sendo, assim, descartado como caso de cólera”, explicou.
Garantiu que as entidades governamentais vão continuar a manter a vigilância, para evitar eventual surto de cólera em Angola.
De acordo com o director, há toda necessidade de se implementar as medidas de prevenção desta doença.
Assegurou que o Ministério da Saúde está atento as modificações e informações provenientes dos países vizinhos acometidos pela doença, com mortes associadas.
Informou que a comissão de combate à colera, com abrangência nacional, provincial e municipal, agrega vários ministérios, entre os quais da Saúde, Energia e Águas, Finanças e Acção social.
Actuações de contingência
Segundo o responsável, que faz parte da comissão, o Ministério da Saúde já efectuou algumas reuniões de identificação, designadamente com o Centro de Tratamento de Cólera (CTC), e capacitou profissionais sobre o manuseio em caso de cólera.
Foram ainda efectuadas algumas visitas aos municípios para trabalhos de sensibilização.
Fez saber que o ministério já tem em carteira a aquisição de meios de protecção e material de biossegurança, como camas, lixívia para a higienização do espaço, batas, luvas e botas .
Salientou que a província de Luanda conta com nove centros de referência de tratamento da cólera, um em cada município .
“Se por exemplo, nos hospitais dos Cajueiros e do Cazenga surgirem casos suspeitos, com sinais clínicos de diarreia e vômitos, são dirigidos ao centro de referência que, no caso, é o Centro Agostinho Neto, situado no Cazenga”, referiu .
Estes centros estão em condições para o atendimento, com camas adequadas, profissionais capacitados e escoamento das fezes.
Quanto a medicação, garantiu que os hospitais estão preparados para assistir os eventuais casos .
Para esclarecer a população sobre os cuidados, o ministério colocou em circulação, nas redes sociais, um programa de sensibilização.
Sobre a doença
A cólera é uma doença bacteriana infecciosa intestinal aguda, transmitida por contaminação fecal-oral directa ou pela ingestão de água ou alimentos contaminados, que pode levar à morte.
Essa é uma doença relacionada maioritariamente à higiene e ao saneamento básico, sendo que em regiões onde há uma falta de infraestrutura básica, como redes de esgoto, é comum ter vários casos de cólera assolando a população local.
Entre os principais sintomas de cólera, podemos destacar a diarreia volumosa, fezes líquidas e acinzentadas, náuseas e vômitos, febre leve, dores e cólicas abdominais.
Consta ainda a desidratação, letargia, pele seca e sede excessiva, baixa da pressão arterial e cãibras musculares.
O tratamento consiste na reposição dos líquidos e minerais que são perdidos na diarreia.
Prevenção da doença
Como prevenção, Manuel Varela recomendou a população a evitar o consumo de alimentos crus ou mal cozidos, principalmente os frutos do mar, e alimentos cujas condições higiênicas, de preparo e acondicionamento, sejam precárias.
De preferência, o consumo de água tratada com lixívia ou fervida por cerca de 20 minutos .
Recentemente, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, disse que 660 mil casos de cólera foram registados, desde 2022, em países que integram a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Falando à imprensa no final de uma cimeira extraordinária da SADC em formato virtual, orientada pelo presidente em exercício da comunidade, João Lourenço, a ministra referiu que deste número, há o registo de mais de quatro mil mortes. EVC/OHA