Luanda - O neuropsicólogo angolano Walter Diogo afirmou, nesta quarta-feira, que Angola carece de estudos para precisar o número crianças com dislexia, doença que afecta 10 por cento da população mundial.
Segundo o médico, que falava numa webinar sobre "A dislexia na primeira Infância", no país existem apenas quatro médicos neuropsicólogos, todos em Luanda, o que torna difícil o trabalho de acompanhamento das crianças acometidas com esta doença.
De acordo com dados da Associação Internacional de Dislexia (IDA), apesar de não existirem números específicos sobre a realidade de Angola, calcula-se a existência de mais de 700 milhões de pacientes desta enfermidade no mundo.
Durante a webinar organizada pelo Gabinete da Primeira-Dama, Ana Dias Lourenço, em parceria com a Faculdade de Serviço Social da Universidade de Luanda e a Escola Superior de Educação Paula Frassinetti do Porto, Portugal, o especialista avançou que o Instituto Nacional para a Educação Especial conta com 21 salas de aulas, 17 das quais na capital do país, e 75 escolas inclusivas, com cerca de 6 mil crianças.
De acordo com Walter Diogo, a formação contínua de professores e outros profissionais na área, bem como a criação e implementação de mais escolas de carácter inclusivo, fomentação da parceria público/privada devem constituir desafios do Ministério da Educação.
Do seu ponto de vista, é fundamental que se realizem estudos e amostras no país, a fim de se avaliar, com exatidão, as crianças com dislexia.
Por sua vez, a Primeira-Dama da República, Anda Dias Lourenço, manifestou o desejo de que a troca de experiências produza efeitos positivos nas acções do Executivo angolano viradas para esta problemática.
Para si, a webinar desta quarta-feira surgiu num momento oportuno, por coincidir com o Dia da Criança Africana (16 de Junho), às quais saudou pela celebração da efeméride.
A webinar teve como objectivo a troca de experiência entre especialistas angolanos e estrangeiros, visando produzir conhecimento teórico e prático sobre o papel dos profissionais de Educação Especial na primeira Infância, no contexto da realidade angolana, além de lançar as bases para a implementação de estratégias pedagógicas diferenciadas na formação de profissionais qualificados e habilitados para intervir ao nível.
A dislexia é considerada um transtorno na linguagem, de origem neurobiológica, que afecta, principalmente, a capacidade leitora e escrita.
Além disso, são também transtornos de aprendizagem que se dá com mais frequência no público infantil, com uma prevalência de 5% a 10%, ainda que, segundo alguns estudos, estes dados podem chegar a alcançar 17,5 por cento.
Geralmente, a dislexia passa a ser detectada quando a criança começa a introduzir-se no processo de aprendizagem de leitura e escrita na escola, ou seja, dos 3 até aos 7 anos de idade, aproximadamente.