Benguela – Angola necessita anualmente de, em média, 300 mil dadores de sangue, para garantir as transfusões dos pacientes vítimas de malária e acidentes de viação, que constituem as principais causas de mortalidade no país.
Em 2021, 156 mil pessoas doaram sangue em todo o país e, destas, 17 mil aproximadamente foram dadores voluntários. Mas, na prática, a Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta que Angola devia ter 300 mil dadores regulares /ano, o equivalente a um por cento da sua população, estimada em cerca de 30 milhões de habitantes.
Falando em Benguela, no acto nacional do 14 de Junho, Dia Mundial do Dador de Sangue, o secretário de Estado da Saúde para a área Hospitalar admite que há um aumento das necessidades de transfusão nas unidades sanitárias, devido aos casos de malária e de acidentes, primeira e segunda causa de mortalidade, respectivamente, no país.
Leonardo Europeu vê, por isso, a meta da OMS como um desafio de todos, visto que o reforço do número de dadores vai ajudar a estabilizar as reservas e, com isso, atender as transfusões massivas, principalmente nas crianças acometidas de anemia severa por malária.
“Não há dúvidas para ninguém da importância do sangue para as nossas vidas. Em várias situações ocorrem necessidades de transfusão”, referiu, indicando ainda a situação da mulher grávida e, nomeadamente, as complicações durante e após o parto, podendo precisar de uma transfusão de sangue a qualquer momento.
Considera exemplar a província de Benguela pela mobilização que tem feito no sentido de ter dadores voluntários à altura das necessidades das unidades hospitalares em termos de colheitas de sangue.
Sublinhando a importância do Dia Mundial do Sangue, de maneira a sensibilizar a população para aderir às campanhas de doação de sangue, enalteceu o papel das igrejas, forças de defesa e segurança, nomeadamente a Polícia Nacional e as Forças Armadas, as empresas, as organizações juvenis e socioprofissionais.
Leonardo Europeu assegurou que o Ministério da Saúde sente a presença dos dadores voluntários e que os utentes, quando acorrem às unidades hospitalares, têm tido respostas às suas necessidades.
De acordo com ele, hoje o sangue é mais seguro, graças à implementação de um programa que visou o recrutamento de recursos humanos para os centros de hemoterapia nas 18 províncias, a reabilitação das infra-estruturas e o seu apetrechamento com máquinas e reagentes para a detecção de distintas doenças transmitidas pelo sangue.
A formação de recursos humanos, a vários níveis, é outro pilar deste programa do Governo, segundo o interlocutor, que aponta ainda para a mobilização e capacitação dos dadores, sem descurar os incentivos, dentro das possibilidades.
Defende que “estes esforços do Governo para aumentar as reservas de sangue” já se fazem sentir, uma vez que neste momento há mais unidades em todo o país, capazes de diagnosticar as mais diversas doenças que acometem o sangue.
Por outro lado, renovou o apelo aos jovens maiores de 18 anos para se tornarem dadores voluntários e, ao mesmo tempo, sensibilizarem colegas, vizinhos, amigos e familiares sobre a importância dos dadores e “conseguimos que o sangue espere pelo doente e não o contrário”.
Presenciado pela representante da OMS em Angola, Eva Pascoal, acompanhada da vice-governadora de Benguela, Lídia Amaro, o evento ficou marcado com homenagens a 17 dadores, com 15 doações voluntárias completas, e a 12 empresas públicas e privadas pelo incentivo aos trabalhadores na constituição de brigadas de dadores.
Quem pode doar sangue?
Podem doar sangue todas as pessoas entre os 18 e os 65 anos, com peso mínimo de 50 quilos. É ainda necessário ser saudável.
Antes da doação, é preciso passar por uma consulta para confirmar que o dador reúne de facto todas as condições para dar até 450 ml de sangue (o limite máximo que se pode retirar sem prejudicar um dador, o que corresponde a menos de 10% dos cinco a seis litros que circulam no corpo de um adulto).
Uma vez confirmada esta possibilidade, passa a poder dar sangue de quatro em quatro meses, no caso das mulheres, de três em três no caso dos homens.