Luanda – Angola está no nível dois de alerta máxima de vigilância da cólera, devido ao surgimento de casos nas zonas fronteiriças, informou esta terça-feira, em Luanda, a directora nacional de Saúde Pública, Helga Freitas .
Helga Freitas fez esse esclarecimento durante um encontro interministerial sobre o plano de contingência de combate à colera, orientado pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta.
A directora explicou que o nível dois significa que Angola ainda não regista casos de cólera, mas que deve estar em alerta e criar estratégias de preparação e prevenção em caso de surgimento da doença.
Segundo a directora, o nível três resulta da confirmação efectiva de casos de cólera, como é o caso da Zâmbia e da República Democrática do Congo (RDC), países que fazem fronteira com Angola.
“A RDC e a Zâmbia fazem fronteira com Angola e, neste momento, estão com um surto de cólera que está numa rápida propagação. Por isso, estamos reunidos com a Comissão Nacional Multisectorial de Luta Contra a Cólera, para definir estratégias para uma resposta oportuna ao eventual surgimento de cólera no país”, expressou.
Como acção do programa de contingência, avançou que estão a reforçar o nível de vigilância em todas as províncias que fazem fronteira com esses dois países, assim como uma maior preparação e formação dos técnicos.
Realçou que o Ministério da Saúde está a posicionar kit´s de emergência médica ao longo da fronteira e a trabalhar com os ministérios da Energia e Águas e do Interior.
“Um dos meios de transmissão desta doença é através da água contaminada e do consumo de alimentos não tratados, por isso, faz parte dessa comissão o Ministério da Energia e Águas”, explicou.
Vacina contra cólera
De acordo com a especialista, já existe vacina contra a cólera, mas, por ser uma produção limitada, Angola só poderá ter acesso se tiver registo de algum caso.
A aquisição da vacina já está prevista no plano do ministério. A mesma é oral, pode ser administrada apartir de dois anos de idade, com uma eficácia de 85 porcento .
A vacina é usada com o objectivo de prevenir a infecção pela bactéria Vibrio cholerae, que é o microrganismo responsável pela doença, que pode ser transmitida de pessoa para pessoa ou através do consumo de água ou alimentos contaminados, resultando em diarreia severa e perda de muito líquido.
"A vacina não esta incluída no calendário de vacinação, sendo apenas indicada em situações específicas. Dessa forma, é importante investir em medidas de prevenção, como a higienização adequada das mãos e dos alimentos antes do preparo e consumo”, aconselhou .
Salientou que faz parte do calendário vacinal do país, a vacina rotavírus que previne doenças diarreicas e se dá as crianças com até nove meses.
Situação da colera na Zâmbia e RDC
De acordo com a responsável, a situação é preocupante a nível da região da SADC. Dos países membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, apenas Angola, Namíbia, Lesoto, Seychelles, Kumores e Madagascar não notificaram casos de cólera .
O surto na Zâmbia decorre desde 2023 e intensificou-se no mês de Janeiro do ano corrente, com o registo de cerca de sete mil casos e aproximadamente quatrocentos óbitos.
A média de casos na Zâmbia é de cerca de quatrocentos casos diários.
A RDC, também com um surto desde 2023, tem um acumulado de 42 mil casos. EVC/OHA