Luanda - Angola tornou-se no quarto Estado-membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) a implementar um centro de colecta de leite humano, depois do Brasil, de Cabo-Verde e de Moçambique, informou terça-feira, em Luanda, a coordenadora do projecto no país, Elisa Gaspar.
A médica falava à imprensa durante o 1º congresso de banco de leite da CPLP com foco na "Segurança alimentar e nutricional para recém-nascidos de risco e lactentes".
Informou que Angola possui apenas um único banco de leite em Luanda, localizado na maternida Lucrécia Paim, criado em 2019, mas a ideia é expandir para as outras províncias.
Os bancos de leite humano representam uma estratégia para proteger e apoiar o aleitamento materno, envolvendo a recolha, processamento e distribuição de leite para bebés prematuros ou de baixo peso, que não podem ser alimentados pelas mães, além de oferecer suporte e orientação ao aleitamento materno.
Actualmente a cooperação técnica internacional em bancos de leite humano praticada pela ABC e a Fiocruz reúne 24 países: Argentina, Angola, Belize, Bolívia, Cabo Verde, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Espanha, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Moçambique, Nicarágua, Panamá, Peru, Paraguai, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
De acordo com Elisa Gaspar, a representatividade destes países têm demonstrado uma força da rede global de bancos de leite, do qual Angola faz parte, e já ganhou dois prêmios internacionais como o melhor programa de saúde pública a nível do mundo.
Inspirados no modelo brasileiro, explicou que o banco de leite humano tem capacidade de armazenar 100 litros por mês.
Frisou que a iniciativa de banco de leite humano, lançado em 2019, permitiu a capacitação profissional de saúde e alcançou uma recolha de mais de 345 mil mililitros, doados por 1.800 mulheres, o que permitiu o atendimento de 2.220 recém nascidos, acrescentando que actualmente o banco possui um estoque pequeno com apenas três bolsas, mas tem estado a trabalhar para aumentar.
Explicou que leite materno é um recurso terapêutico para os bebês internados nas UTI dos hospitais e está provado cientificamente que o aleitamento materno exclusivo até os seis meses e continuado ajuda na redução da mortalidade infantil em todo mundo.
Advogou a necessidade de se criar mais postos de coleta a nível de Luanda para se adquirir maior quantidade de leite processado com controle de qualidade.
Adiantou que a Mulher apta para ser dadora é aquela que está a amamentar e saudável, mas que primeiramente passe por exames primordiais e com resultados favoráveis. EVC/PA