Harare (Do enviado especial) – O Presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnagagwa, lançou, esta quinta-feira, um repto aos demais países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), para criar ambientes propícios à retenção de quadros qualificados, para participar no seu desenvolvimento.
Partindo da ideia de que um país “é construído, governado e abençoado pelo seu próprio povo”, o líder zimbabweano declarou que a região deve emergir como um bloco económico competitivo com as capacidades necessárias para produzir uma vasta gama de bens e serviços.
O estadista discursava durante a VII Palestra Pública da SADC, decorrida nas instalações da Universidade do Zimbabwe, na antecâmara da 44.ª Cimeira Ordinária da SADC, marcada para 17 deste mês, em Harare.
A Palestra, que contou com vários oradores regionais, entre académicos, políticos e empresários, decorreu sob o lema “Capacitação em Investigação e Ecossistemas de Inovação para uma Economia Industrializada Sustentável da SADC”.
O chefe de Estado afirmou que o tema constitui, por si só, um apelo adequado para a acção e a necessidade de novos paradigmas de educação para dar um salto na modernização, na industrialização e no desenvolvimento holístico da região.
Reiterou que os Estados-membros da SADC têm tudo o que é necessário para ter sucesso, sendo “extremamente importante que permaneçamos confiantes na nossa identidade” durante a abordagem das questões críticas “que temos diante de nós”.
“Somos africanos e orgulhosos povos da África Austral, com uma rica história de desenvolvimento e façanhas, incluindo a conquista dos regimes coloniais opressivos e racistas dos nossos territórios”, sublinhou.
Instou o bloco regional a posicionar-se estrategicamente para converter as realidades dos acontecimentos nacionais e globais em oportunidades económicas e de negócios que garantam uma maior prosperidade das suas populações.
No seu entender, já se foi o tempo em que “dependíamos de pessoas de outros lugares para desenvolver as nossas economias, prestar serviços às nossas comunidades e disponibilizar bens para as nossas indústrias e comércio”.
Os antepassados e pais fundadores da SADC lutaram pela libertação política, pela democracia, pela independência e pela liberdade “que actualmente desfrutamos”, disse.
A actual geração de cidadãos da SADC, concluiu, deve tomar medidas deliberadas para sair da dependência perpétua.
Antecâmara da Cimeira
Sobre a Palestra Pública em que participou como convidado de honra, o chefe de Estado descreveu o evento como um dos precursores da 44.ª Cimeira Ordinária da SADC, a realizar-se, em Harare, dentro de dois dias.
Disse ser igualmente uma oportunidade proporcionada aos povos da SADC de reflectir e aperfeiçoar estratégias para acelerar a sua visão colectiva no sentido do aprofundamento da integração regional, bem como do desenvolvimento económico para a prosperidade partilhada.
O evento foi organizado pela Universidade do Zimbabwe, a principal instituição pública do Ensino Superior, no país, em colaboração com o Ministério do Ensino Superior e Terciário, Ciência da Inovação e Desenvolvimento Tecnológico.
Segundo uma nota do Secretariado da SADC, o tema da Palestra foi derivado do lema central da 44.ª Cimeira de chefes de Estado e de Governo da SADC deste sábado, em Harare.
Este encontro cimeiro vai decorrer sob o lema “Promover a inovação para explorar plenamente as oportunidades para o crescimento e desenvolvimento económicos sustentáveis rumo a uma SADC Industrializada”.
A nota acrescenta que o objectivo da Palestra Pública foi demonstrar a importância da pesquisa e da inovação nos sistemas de educação e ensino, para transformar a SADC numa região industrializada.
Pretendeu-se igualmente identificar estratégias para melhorar a capacidade de investigação e inovação na região e desvendar os melhores ecossistemas de investigação e inovação para conduzir a industrialização ao desenvolvimento económico e social sustentável.
Organização fundada, há 44 anos, a SADC é integrada, actualmente, por 16 países que totalizam perto de 340 milhões de habitantes, 10 milhões de quilómetros quadrados de área e um Produto Interno Bruto (PIB) de USD 4.720 per capita.
São Estados-membros a África do Sul, Angola, Botswana, Comores, eSwatini, o Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, República Democrática do Congo, Namíbia, Seicheles, Tanzânia, Zâmbia e o Zimbabwe. IZ/SC