Luanda - A Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, exortou, esta terça-feira, em Luanda, os Estados-Membros da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) a reforçarem a cooperação para prevenir a criminalidade transfronteiriça.
Ao falar na abertura da 26ª Conferência Regional Africana da Interpol, Esperança da Costa considerou a criminalidade transfronteiriça uma das ameaças à paz e à segurança global, sustentando que só pode ser eficazmente combatida com o esforço conjunto de todas as polícias do mundo.
Assinalou que actualmente o mundo enfrenta ameaças cuja dinâmica não conhece fronteiras e, por esta razão, pela via da Interpol, considera necessário o reforço da cooperação policial, que permita uma resposta rápida, eficaz e de maior segurança na informação.
Conforme Esperança da Costa, a Interpol deve contribuir para que "o mundo seja um lugar cada vez mais seguro, sendo esta uma responsabilidade que deve ser partilhada por todos os Estados".
Lembrou que a região enfrenta ameaças que contribuem para o aumento da criminalidade organizada e do terrorismo, associado aos focos de tensão e conflitos que se registam em algumas regiões do continente berço.
A propósito, assinalou que a tensão e os conflitos que se registam em algumas regiões de África são susceptíveis de influenciar o aumento de outros crimes que afectam o desenvolvimento de África, constituindo uma violação aos direitos humanos.
Com efeito, disse ser urgente o estabelecimento de uma cooperação estreita para prevenir estas situações, realçando "que nenhum país está isolado, por isso a cooperação regional e internacional se faz necessária e com maior intensidade".
A Vice-Presidente da República afirmou que a Interpol representa actualmente um ente importante da política securitária internacional, desenvolveu e desenvolve capacidades que permitem hoje conectar os 195 Estados-Membros, que têm servido com os seus instrumentos e serviços a todos os Órgãos de Aplicação da Lei e com funções policiais na prevenção e combate à criminalidade comum, organizada e transfronteiriça.
Lembrou que a República de Angola, desde 2002, tem tido oficiais em comissão de serviço, nos diferentes órgãos operativos, administrativos do Secretariado-Geral da Interpol e de governação, nomeadamente no Comité Executivo e Comissão de Controlo de Ficheiros, quer a nível da sede em Lyon, quer no Bureau Regional da organização, sedeado em Harare, Zimbabwe.
Observou que foi com esse espírito que o Governo angolano teve a iniciativa, em 2019, durante a 24.ª Sessão da Conferência Regional Africana, realizada em Kigali, Rwanda, de apresentar a sua candidatura, para acolher a 26.ª Conferência "que hoje testemunhamos e que coincide, também, com o 41.º aniversário da sua adesão a esta organização".
Perante os altos responsáveis da Interpol, entre outros convidados, Esperança da Costa assegurou que os órgãos de polícia e de aplicação da Lei do Governo angolano estão comprometidos neste espírito, e o acolhimento da 26.ª Conferência Regional, na capital angolana, demonstra este compromisso internacional.
Ressaltou que desde os primórdios da sua independência, Angola, preocupada com a paz e a segurança pública, viu a Interpol como uma organização de relevância, aderindo à essa organização a 5 de Outubro de 1982, durante a 51.ª Sessão da Assembleia Geral, realizada no Reino de Espanha.
Esperança da Costa fez saber que a organização definiu um conjunto de crimes prioritários como o tráfico de drogas, terrorismo, tráfico de seres humanos, crimes cibernéticos, várias formas de fraudes de bens e produtos, corrupção, pirataria marítima, branqueamento de capitais e outras tipologias de crime organizado, que, a seu ver, constituem uma forte ameaça ao desenvolvimento dos países.
Com o evento, a Organização Internacional de Polícia Criminal e Penal pretende, entre outros temas, abordar os desafios actuais da criminalidade transnacional, a aplicação de leis sobre o terrorismo, cibercrime, crime financeiro e corrupção, tráfico de seres humanos e pirataria marítima.
A decorrer de 3 a 5 do mês em curso, a Conferência Regional Africana da Interpol contará com a participação de 350 delegados de países africanos, dos Estados Unidos da América, Canadá, Reino Unido, Austrália, Qatar, Sérvia, Guatemala e do Brasil. DC/VIC/ADR