Luanda - A visita de Joe Biden a Angola reflecte uma estratégia multifacetada dos Estados Unidos para fortalecer os laços económicos, promover a paz e a segurança regional, afirmou, este domingo, o analista político Domingos Deodato.
Num artigo de opinião consultado pela ANGOP, o analista referiu que a visita vai também apoiar a transição energética.
Para Angola, esta visita é uma oportunidade para os EUA reforçar a sua posição geopolítica, atrair investimentos estratégicos e continuar a sua jornada de desenvolvimento económico e democrático, disse.
O analista entende que, num mundo cada vez mais interconectado e competitivo, Angola pode usar esta visita para consolidar o seu papel como um actor regional importante e maximizar os benefícios das suas parcerias internacionais.
Na qualidade de pesquisador em Relações Internacionais e integrante do Instituto de Pesquisa e Estudos Avançados, Domingos Deodato aponta várias razões que trazem Biden a Angola.
Na sua visão, um dos principais motivos da visita de Biden é o Corredor do Lobito, um projecto de infra-estrutura que visa conectar Angola, República Democrática do Congo (RDC) e Zâmbia.
O Corredor do Lobito, disse, ao conectar o Porto do Lobito, na costa atlântica de Angola, às regiões mineradoras da RDC e da Zâmbia, desempenha um papel crucial para o transporte de minerais estratégicos como cobre e cobalto, entre outras valências.
O outro motivo, prosseguiu, tem a ver com a paz e a segurança regionais.
A região da África Central, onde Angola está localizada, enfrenta desafios de segurança devido a conflitos em países vizinhos como a RDC.
Angola tem desempenhado um papel importante na mediação de conflitos regionais, consolidando-se como um actor chave na promoção da estabilidade.
Para os EUA, no entender de Domingos Deodoro, uma Angola estável e segura é de grande interesse, especialmente considerando a crescente influência de potências rivais como a China e a Rússia na região.
Biden discutirá, provavelmente, a ampliação da cooperação militar e de defesa com o Governo angolano, abordando o combate ao terrorismo e a promoção da paz, admitiu.
Esse esforço, afirmou, é também parte de uma estratégia mais ampla de contenção das influências não ocidentais no continente africano.
Domingos Deotado é de opinião que Biden, provavelmente, também abordará questões relacionadas à democracia e aos direitos humanos.
Os EUA têm como uma das suas prioridades da política externa a promoção de valores democráticos e o fortalecimento de instituições políticas em países parceiros.
Na sua reflexão, expressa que a visita do Presidente americano pode abrir espaço para um diálogo mais construtivo sobre reformas políticas iniciadas em Angola e sobre o fortalecimento das instituições angolanas.
Para Angola, a melhoria da governação e da imagem internacional pode atrair mais investimentos estrangeiros e consolidar o país como um exemplo positivo de democracia emergente na África.
Este projecto, conforme escreve, é um pilar da Parceria para Infraestruturas e Investimento Globais (PGIl), iniciativa do G7 que busca oferecer alternativas à crescente influência da China em África, através da sua Iniciativa do Cinturão e Rota.ART