Luanda - O vice-presidente da República, Bornito de Sousa, desafiou esta terça-feira, em Luanda, a sociedade angolana a plantar um milhão de mangues em toda a costa do país, até ao final do ano em curso.
Ao intervir, por vídeo-conferência, no workshop sobre zonas húmidas, Bornito de Sousa declarou que a plantação de mangues "será um simples gesto, mas que fará toda a diferença", contribuindo para a mudança de atitude em relação aos mangais.
Mangue é um tipo de vegetação típica das regiões alagadiças denominadas de manguezal. Trata-se de um ecossistema costeiro e demasiado húmido presente nas zonas tropicais e subtropicais. Os manguezais, ricos em biodiversidade, surgem do contacto do ambiente terrestre e marítimo, mormente, dos rios e mares.
Desempenha um importante papel na preservação de diversas espécies vegetais e animais, além de auxiliar na erosão, porque fixa o solo nas áreas em que ele ocorre, evitando, assim, o assoreamento das praias.
O vice-presidente da República considerou fundamental mobilizar os governos provinciais, as administrações municipais e comunais, os munícipes, as empresas e organizações, independentemente do seu objecto social, para acções concretas, no sentido de cuidar dos poucos mangais e restaurar os que deixaram de existir.
Durante o evento, alusivo ao Dia Mundial das Zonas Húmidas, que hoje se assinala, o vice-presidente informou que o país já depositou na sede da UNESCO, em Paris (França), os instrumentos jurídicos relativos à adesão à Convenção de Ramsar sobre Zonas Húmidas.
Para o governante, a adesão à essa convenção constitui um "facto de extrema relevância", porquanto Angola, com uma superfície de um milhão 246 mil setecentos quilómetros quadrados, possui vários tipos de zonas húmidas, desde rios, lagos e pântanos, importantes para o trânsito de inúmeras espécies de aves aquáticas e para a biodiversidade.
Apelou, por isso, à mobilização de sinergias para a protecção e preservação dos diferentes ecossistemas e da biodiversidade.
Bornito de Sousa enalteceu o estudo para a identificação de pelo menos 11 lugares candidatos a “Sítios Ramsar” de Angola, entre os quais as Lagunas do Mangal do Lobito, em Benguela, o complexo das zonas húmidas do Kumbilo-Dirico, no Cuando-Cubango, e o Saco dos Flamingos e as lagoas do Calumbo e da Quilunda, em Luanda.
Entre os sítios candidatos, apontou também a Lagoa do Arco, no Namibe, o Parque Nacional de Cameia (Moxico), o complexo das zonas húmidas da Lagoa do Carumbo (Lunda Norte), a praia do Santiago (Bengo), a Lagoa do Mangal do Chiloango (Cabinda) e o Baixo Cuanza, entre Luanda e Bengo.
Apelou ao envolvimento de outros sectores, como a Educação, Ordenamento do Território, Acção Social, Administração do Território e os órgãos de Defesa e Segurança, para preservar a natureza, proteger a fauna e flora e combater os efeitos nefastos das alterações climáticas.
Transmitiu, em nome do Presidente da República, João Lourenço, uma mensagem de apreço e de solidariedade aos ambientalistas angolanos, por ocasião dos dias mundiais das zonas húmidas e do ambiente (este assinalado no dia 31 de Janeiro), por constituírem prova do compromisso dos homens com a Natureza.
Saudou as organizações juvenis pelo “trabalho notável” que desenvolvem em prol do ambiente, em particular na preservação dos diversos ecossistemas existentes nas chamadas zonas húmidas angolanas.
Por sua vez, o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, considerou essencial a preservação das zonas húmidas, pela sua importância no controlo de inundações, na reposição de águas subterrâneas, regulação do ciclo de água e mitigação das alterações climáticas, através da captura de dióxido de carbono e da libertação de oxigénio.
No mesmo fórum, por video-conferência, a comissária da União Africana para a Economia Rural e Agricultura, a angolana Josefa Sacko, valorizou a preservação das zonas húmidas pelo seu valor no desenvolvimento económico e no bem-estar das populações.
O director para África da Convenção de Ramsar, Zebedee Njisuh, elogiou os esforços do Governo angolano para a preservação das zonas húmidas.
A Convenção sobre as Zonas Húmidas de Importância Internacional, especialmente enquanto habitat de aves aquáticas, é também conhecida como Convenção de Ramsar, por ter sido assinada na cidade iraniana de Ramsar, a 2 de Fevereiro de 1971. Vigora desde 1975.
É o primeiro tratado intergovernamental a fornecer uma base estrutural para a cooperação internacional e acção nacional para a conservação e uso sustentável dos recursos naturais, em concreto, das zonas húmidas e seus recursos.