Luanda – O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, saudou, esta sexta-feira, em Luanda, a iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, de pedir desculpas públicas pelas vítimas de conflitos políticos, ocorridos entre 1975 e 2002.
Ao intervir na cerimónia de abertura do seminário de quadros do seu partido, que decorre no município de Viana, Adalberto Costa Júnior considerou pertinente o discurso do Chefe de Estado, mas lamentou o facto de ter convidado a UNITA a apresentar, igualmente, um pedido de desculpas à Nação.
Na última quarta-feira, João Lourenço pediu desculpas e perdão a todos os angolanos, em nome do Estado, pelas vítimas dos conflitos políticos, em particular as do 27 de Maio de 1977, executadas sumariamente na sequência de uma tentativa frustrada de golpe de estado.
Na altura, João Lourenço afirmou que o povo angolano já deu provas de saber perdoar e merecia ouvir, de quem tem a responsabilidade de o fazer, um pedido público de desculpas e perdão, em relação a militantes e quadros da UNITA e outros cidadãos mortos pelo partido, à data dos factos liderado por Jonas Malheiro Savimbi.
Em concreto, o Presidente da República referiu Tito Chingungi, Wilson dos Santos e respectivas famílias, as valentes mulheres das fogueiras da Jamba, os passageiros do comboio do Zenza-do-Itombe, os mártires das cidades do Cuito (Bié) e do Huambo, e outros.
Adalberto Costa Júnior declarou, a propósito, que o seu partido "já o fez por várias vezes, por intermédio de Jonas Savimbi (presidente fundador), em Abril de 2001, na 16ª Conferência da UNITA, bem como através de Lukamba Gato e Isaías Samakuva, este último nas vestes de presidente do partido".
O pronunciamento de João Lourenço sobre as vítimas de conflitos políticos pôs fim a um largo período de silêncio do Estado em relação a alguns destes acontecimentos, como o 27 de Maio de 1977, que culminou com a morte de um número indeterminado de cidadãos.
Volvidos 44 anos, o Presidente da República esclareceu que se tratou de uma tentativa de golpe de estado, perpetrada por militantes do MPLA, que foi repelida de forma desproporcional pelas forças de defesa e segurança de então.