Luanda - O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, considerou, quarta-feira, que "a situação da criminalidade, em Angola, tem estado a assumir contornos alarmantes", arriscando-se a escapar ao controlo das autoridades.
O político entende que, por mais pronunciamentos que alguns governantes ou a Polícia Nacional façam para minimizar a situação, a realidade é que "se está perante um aumento significativo de todo o tipo de crimes".
Em declarações à imprensa, a propósito da "Violência Política e o Estado da Criminalidade em Angola", Adalberto Costa Júnior disse tratar-se de um novo modelo de crimes políticos "encomendados" e sem preocupação aparente das instituições em apurar responsabilidades.
"A criminalidade em Angola está a atingir níveis inaceitáveis e arrisca escapar ao controlo das autoridades, ao ponto de nenhum cidadão em sã
consciência se sentir seguro em casa, nas ruas, nos diversos espaços públicos e até nos locais de trabalho", alertou.
Salientou que, possivelmente, actores políticos reconhecem existir um programa de se eliminar vozes contrárias ao regime e um outro do partido no poder em assumir ilhas partidárias, vedadas ao exercício da pluralidade.
O presidente da UNITA é de opinião de que alguma desta criminalidade é da directa responsabilidade de quem governa e que resulta também de práticas e de programas que devem ser rapidamente alterados.
Elencou igualmente como elementos concorrentes à delinquência, as elevadas taxas de pobreza, o alto número de desempregados e teoricamente a inexistência de programas de reformas em certos sectores, como Administração Pública e Justiça.
"Temos um país em que a impunidade impera, em que a justiça se faz apenas às camadas mais baixas da nossa população e globalmente sujeitas à obediência política e à corrupção", descreveu o líder partidário.
Entretanto, Adalberto Costa Júnior reportou que, de todo o território nacional, a UNITA recebe relatos aterrorizadores de assaltos à mão-armada, homicídios, roubos, violações, furtos, ofensas corporais e acusações de feitiçaria com mortes dos acusados.
Na Lunda-Norte e na Lunda-Sul, citou como exemplo supostos efectivos das forças de defesa e segurança e empresas de segurança privada, bem como marginais que "matam cidadãos à luz do dia pelo simples facto de serem garimpeiros".
"Na Huila, marginais operam em pleno dia nos mercados informais; em Benguela, os assaltos tornaram-se assustadores e a violência doméstica vai-se enraizando a olho nu", citou, preocupado com os frequentes roubos de motorizadas e assassinatos frios à mistuta na actividade de moto-táxi.
Em relação à cidade de Luanda, em particular, disse que os bandidos, nos carris de eventual impunidade, decretam o recolher obrigatório em vários bairros, perante, na sua óptica, o olhar condescendente das autoridades.
Entre outros assuntos, ACJ referiu-se ainda a uma aludida sofisticação crescente do crime organizado e de colarinho branco, indícios de tráfico de drogas associado a redes internacionais e outras acções maléficas relacionadas com este negócio obscuro.
"São exemplos destes crimes o recente ataque a uma caravana de deputados da UNITA no Cuando Cubango, o atentado de que foi alvo o deputado Carlos Xavier em Malanje e muito recentemente - no dia 18 do corrente mês (.....)", resumiu, apontando como solução a alternância.
SL/MDS