Luanda - O director-geral adjunto da UNESCO, Xing Qu, considerou, esta quarta-feira, em Luanda, a realização conjunta do Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz - Bienal de Luanda como um acto de reconciliação de Angola com o seu passado e presente.
O responsável falava na cerimónia de abertura da III edição da Bienal de Luanda que decorre sob o lema "Educação, cultura de paz e cidadania africana como ferramentas para o desenvolvimento sustentável do continente”.
Xing Qu afirmou que o património, a memória do passado, é uma ferramenta indispensável para construir a paz do futuro, sublinhando o esforço da UNESCO para salvaguardar o património cultural africano durante os conflitos armados e impedir o tráfico ilícito de bens culturais.
“E, nos nossos esforços contínuos para construir a paz em África e não só, Angola é um país que conta, dada a sua história e a sua experiência” sublinhou.
Acrescentou que a Angola, devastada por trinta anos de guerra civil, pode agora falar-nos dos benefícios de um regresso à paz.
Referiu que ao fazê-lo, pode basear-se numa forte tradição de abertura a outras culturas e religiões, na profundidade do seu património cultural - como Mbanza Kongo, a capital do antigo Reino do Kongo, inscrita na Lista do Património Mundial da UNESCO em 2017.
Xing Qu referiu ainda que ao organizar esta nova edição da Bienal de Luanda, com a União Africana e a UNESCO, Angola está a reconciliar-se com o seu passado e o seu presente.
O responsável felicitou o presidente angolano, João Lourenço, por indicar o caminho para uma cultura de paz, e que ”nesta tarefa nobre e necessária, pode contar com o total apoio da UNESCO”, disse.
"A nossa convicção está consagrada na nossa Constituição, que afirma: uma vez que as guerras começam nas mentes dos homens e das mulheres, é nas mentes dos homens e das mulheres que devem ser construídas as defesas da paz", referiu.
Xing Qu esclareceu que a UNESCO está empenhada em reconstruir a paz no continente africano e na igualdade do género, fazendo através da educação, realizando programas de prevenção do extremismo violento em toda a África.
Mencionou, como exemplo, o projecto "Jovens Tecelões da Paz", lançado em Novembro de 2021, que, como disse, já formou mais de 1500 jovens para combater a discriminação e o discurso de ódio nas regiões transfronteiriças do Gabão, dos Camarões e do Chade.
Também falou da implementação dos projectos de literacia mediática e da informação, a fim de desenvolver o pensamento crítico entre os utilizadores da Internet, onde o discurso de ódio está a aumentar. FMA/ADR