Adis Abeba – O projecto de água Cafu, implementado pelo Governo angolano no quadro do combate à seca no Sul do país, pode ser replicável no continente africano, considerou, esta terça-feira, a Missão Conjunta da União Africana (UA) e da Federação Internacional da Cruz Vermelha e Sociedades do Crescente Vermelho (IFRC).
A referida missão avaliou a situação da seca no sul de Angola, em finais de Abril último. O Cafu é o sistema de transferência de água, a partir do rio do Cunene, para as localidades de Ombala-Yo-Mungo (município de Ombadja), Namacunde e Ndombondola para beneficiar, no mínimo, 230 mil habitantes e 255 mil cabeças de gado.
A informação foi prestada na cidade de Adis Abeba, Etiópia pelos membros da Missão Conjunta, nomeadamente Harsen Nyambe, director do meio ambiente sustentável e economia azul, e Gatkuoth Kai Bol Kai, coordenador técnico de redução do risco de desastres, ambos do Departamento de Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Meio Ambiente Sustentável da UA, assim como Itonde Kakoma, chefe da delegação e representante permanente da IFRC junto da UA e Organizações Internacionais.
Os membros da missão reuniram-se com o embaixador de Angola na Etiópia e representante permanente junto da UA e da Comissão Económica das Nações Unidas para África, Francisco José da Cruz, para a troca de impressões sobre o relatório da visita efectuada a Angola, em finais de Abril deste ano, para avaliar o impacto da seca nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe.
No relatório, a delegação destaca que o Governo angolano está a empreender grandes projectos de adaptação, como o Canal Cafu, com o objectivo geral de combater os efeitos da seca nas províncias do sul do país.
Recomenda que a Comissão da União Africana (CUA) utilize o seu poder para a mobilização de recursos, para uma maior assistência a Angola.
Preocupada com o possível impacto da corrente de Benguela nas alterações climáticas no sul de Angola, a missão conjunta propõe-se a desenvolver estudos científicos, em coordenação com o Secretariado da Convenção da Corrente de Benguela de que Angola é membro, juntamente com a Namíbia e a África do Sul.
O Canal de Cafu consiste num sistema de captação e transferência de água do rio Cunene para várias povoações, através de um canal adutor com 160 km de extensão, ao longo dos quais foram construídas 30 chimpacas (locais para abeberamento do gado), com capacidade para 30 milhões de litros cada.
Os dados técnicos do projecto indicam que a obra vai beneficiar uma população calculada em 235 mil habitantes, vai permitir o abastecimento de água a 250 mil cabeças de gado, a irrigação de 15 mil hectares de terreno, além de garantir 3.275 empregos directos.
Na forja, e no âmbito do Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul do país, estão também outros projectos no Cunene e nas províncias da Huíla e do Namibe. No total, vão beneficiar uma população calculada em perto de 3 milhões e meio de habitantes e mais de dois milhões e meio de cabeças de gado.