Luanda – O jornal norte-americano “The New York Times” realça, na sua edição online de domingo, a visita a Angola do Presidente Joe Biden, sublinhando que ao procurarem as suas raízes os negros americanos deveriam olhar para Angola.
“Quando o presidente Biden visitar o país (a partir da tarde desta segunda-feira) espera-se que ele destaque uma grande parte do vínculo esquecido entre Angola e os Estados Unidos, que nasceu do comércio transatlântico de escravos” lê-se na reportagem inserta no jornal.
Eles estavam em uma plataforma de concreto enquanto traficantes de escravos lançavam seu julgamento final, olhando para oeste, para uma curva do poderoso rio Cuanza, onde horrores desconhecidos estavam por vir, enfatiza o artigo nos seus primeiros parágrafos.
Acrescenta que para os antepassados de milhões de afro-americanos, este mercado de escravos em Massangano, uma vila em Angola, foi provavelmente o local onde foram vendidos para escravidão.
A reportagem realça que foi um ponto sem volta e que historiadores acreditam que as pessoas da nação da África Austral, Angola, constituíram os maiores números de africanos escravizados, enviados para o Estados Unidos, incluindo o primeiro a chegar a Point Comfort, Virgínia, em 1619.
De acordo com o articulista, essa história passou largamente despercebida em Angola e nos Estados Unidos, onde muitos negros americanos costumam fazer peregrinações ao Ghana e Senegal, no Ocidente África para traçar as viagens traiçoeiras dos seus antepassados, mas não para Angola.
Assinala que Angola está a tentar mudar isso, sendo que o Ministério do Turismo está a desenvolver uma campanha global para destacar a significado de Massangano e em parceria com os EUA concebeu uma campanha para reabilitar a aldeia e o seu património histórico.
Lê-se na matéria jornalística que “o presidente de Angola, João Lourenço, pediu ao seu governo para reparar o estrada de terra batida para Massangano que fica intransitável com chuva forte”.
O governo solicitou que o corredor do Rio Cuanza seja declarado Património Mundial da UNESCO. “Este é o lugar de onde os afro-americanos vieram”, disse Márcio de Jesus Lopes Daniel, ministro do Turismo de Angola”, frisa o jornal.
A visita do Presidente Biden ao Museu Nacional da Escravatura, em Luanda, servirá para realçar o vínculo entre as duas nações que nasceu da escravidão, destaca a publicação.
O professor de antropologia da Universidade George Washington Stephen Lubkemann afirma na peça que a grande maioria dos afro-americanos têm ascendência angolana.
Segundo o artigo, espera-se que a delegação do Presidente Biden inclua Wanda Tucker, que rastreou ancestrais do primeiro navio que atracou em Point Comfort e visitou o país várias vezes, além do secretário da Defesa Lloyd J. Austin III, o primeiro Afro-americano a ocupar o cargo.
A reportagem, que conta com depoimentos de historiadores, estudiosos, além do director do Museu da Escravatura retrata que Massangano fica na intersecção do maior rio de Angola, o Cuanza, e um importante afluente, e era o principal ponto de trânsito do país para o tráfico para a costa. ADR/ART