Luanda – O Conselho Militar de Transição da República do Tchad solicitou, nesta quarta-feira, em Luanda, o apoio político e diplomático de Angola para a estabilidade político-militar no seu país.
A informação foi avançada pelo ministro das Relações Exteriores, Integração Africana e dos Tchadianos no Estrangeiro, Cherif Mahamat Zene, que falava em conferência de imprensa, no quadro da visita a Angola do Presidente do Conselho Militar de Transição da República do Tchad, Mahamat Idriss Déby.
Afirmou que o seu país reconhece o papel desempenhado por Angola para a estabilidade dos países membros da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) e da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL).
“Gostaria de sublinhar a liderança de Angola na África Central e o seu engajamento para a preservação da estabilidade e da paz no continente. Neste sentido, viemos apresentar a situação político-militar do Tchad à parte angolana para poderem nos ajudar", salientou.
O ministro tchadiano disse contar com o apoio da CEEAC e da União Africana, que estão a acompanhar o processo de transição no Tchad, manifestando a esperança numa saída definitiva dos mercenários do seu país.
Reforço da cooperação
Cherif Mahamat Zene afirmou que Angola e o Tchad mantém excelentes relações de cooperação há vários anos, que merecem ser aprofundadas com vantagens recíprocas.
Indicou que durante a reunião ministerial, realizada nesta quarta-feira, os dois países abordaram o reforço da cooperação nos domínios da agricultura, pecuária, infra-estruturas, telecomunicações e energia.
“Falamos do progresso registado e o que podemos melhorar. Estamos engajados para que a cooperação seja benéfica para as duas partes e vamos propor á comissão mista no sentido de se procurar outros domínios em que podemos juntos cooperar”, referiu.
Por seu turno, o ministro angolano das relações exteriores, Téte António, garantiu o apoio de Angola para a estabilidade no Tchad, justificando que este país tem contribuído para estabilidade da região do Sahel.
Sublinhou que "Angola tem todo interesse em contribuir para a estabilidade no Tchad, e está também preocupada com o desenrolar dos eventos na Líbia que há muitos anos tem sido fonte de desestabilização do Sahel".
"Apelamos que haja uma gestão da saída desses mercenários e que as Nações Unidas e as demais organizações internacionais joguem o seu papel neste sentido", acrescentou.
Situação político-militar no Tchad
O Tchad é assolado por uma guerra civil desde Dezembro de 2005. O conflito envolve as forças governamentais e vários grupos armados.
A situação político-militar neste país agudizou-se na sequência da morte, a 20 de Abril deste ano, do Presidente reeleito Idriss Déby Itno, que não resistiu aos ferimentos contraídos em combate contra as forças opositoras armadas, no deserto de Tibesti (norte do país).
Idriss Déby Itno morreu um dia depois de ter sido declarado vencedor, pela sexta vez consecutiva, das eleições presidenciais de 11 de Abril, com 79,32% dos votos.
Devido à situação, um Conselho Militar de Transição assumiu a gestão dos assuntos do país e, a 02 de Maio, criou um Governo de Transição que deverá conduzir o país até à realização de novas eleições, nos próximos 18 meses.
O Chefe de Estado angolano, João Lourenço, preside a Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), e tem sido informado com regularidade sobre a situação reinante naquele país membro da organização.
