Luanda – Distintas organizações da sociedade angolana manifestaram, esta sexta-feira, consternação pelo passamento físico, por doença, do nacionalista, político e diplomata angolano Hermínio Escórcio, ocorrido na África do Sul, aos 87 anos.
O Bureau Político do Comité Central do MPLA diz, num comunicado, que tomou conhecimento, com profunda resignação, da morte de Hermínio Joaquim Escórcio, histórico militante e dirigente deste partido político.
Descreve-o como uma figura incontornável do nacionalismo angolano, distinguindo-se pelo sentido de disciplina, rigor e obediência político-partidário, bem como pelo elevado conhecimento do percurso histórico-revolucionário de Angola e do partido.
A nota salienta ainda a sua "militância convicta e a profunda dedicação à defesa das causas e dos ideais do MPLA", tendo conquistado, por mérito próprio, o estatuto de membro do Comité Central do partido, eleito na Conferência Inter-Regional realizada em Setembro de 1974, em Brazzaville.
Destaca também as funções de coordenador do comité de recepção e instalação da Primeira Delegação do MPLA, chegada a Luanda em 8 de Novembro de 1974, de membro da Liga Nacional Africana e a sua integração na delegação que participou nas negociações dos Acordos de Lunhamege com o Governo Português.
“Conhecido como exímio diplomata e de refinado perfil humano, Hermínio Escórcio representou o Estado angolano como embaixador na Alemanha, no Egipto, na Argélia e na Argentina”, acrescenta o comunicado.
Com fortes inclinações desportivas, foi um dos principais mentores da fundação do Atlético Petróleo de Luanda, tendo sido Presidente Honorário do Clube, até a data da sua morte.
Noutra nota, o Governo provincial de Luanda refere que foi com profunda dor e consternação que tomou conhecimento do passamento físico de Hermínio Joaquim Escórcio.
Destaca-o como uma das figuras nobres da nossa história enquanto Nação, endereçou à família enlutada, ao povo angolano em geral e ao corpo diplomático em particular os seus mais sinceros sentimentos de pesar, por essa perda que nos deixa a todos de luto.
Noutra nota que igualmente a ANGOP teve acesso, desta proveniente da Embaixada de Angola na República Democrática do Congo (RDC), salienta que Hermínio Joaquim Escórcio foi um nacionalista e político com uma carreira associada a ideais de liberdade, democracia e patriotismo.
Destaca ainda a sua abnegação e convicção de que a luta pela conquista da Independência de Angola tinha válido a pena.
De 88 anos de idade, Herminio Escórcio foi director do Gabinete do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, entre 1975 -1979, tendo exercido, também, o cargo de embaixador de Angola em vários países, entre os quais Argentina, Alemanha, Áustria, Argélia, Egipto, Líbia, Tunísia e Emirados Árabes Unidos.
Hermínio Joaquim Escórcio natural do Lobito, província de Benguela, formou-se em Estudos Económicos, Administração e Relações Pública.
Exerceu actividades aderência ao MPLA na clandestinidade e participou do processo de Libertação Nacional desde 1958.
Foi preso político, julgado e condenado por um tribunal especial militar por imposição da Polícia Política Portuguesa (PIDE) de 1963 a 1974. Fez parte da delegação do MPLA que negociou as tréguas com os portugueses nas chanas de Liamege, na província do Moxico. SC