Luanda - Angola é contra a apetência por parte de alguns Estados vizinhos em invadir e ocupar partes do território sírio, que apesar dos últimos acontecimentos, deve continuar a ser considerado um Estado soberano, defendeu esta segunda-feira, em Luanda, o presidente do MPLA, João Lourenço.
O líder partidário discursava na abertura do VIII Congresso Extraordinário do MPLA que, até terça-feira, vai discutir os ajustamentos ao estatuto do partido e a tese sobre os 50 anos de Independência Nacional, assinalar-se a 11 de Novembro do próximo ano.
Segundo o também Presidente da República, sem nomear nenhum Estado, a incerteza reinante na Síria com a recente mudança do poder está a alimentar, de forma perigosa, a apetência por parte de alguns países da região a cobiçar partes da Síria.
A paz e segurança mundiais, avançou, estão cada vez mais ameaçadas com as guerras, terrorismo e mudanças inconstitucionais que proliferam em África, na Europa e no Médio Oriente.
Por essa razão, defendeu a necessidade de se pôr fim à guerra contra a Ucrânia e a ocupação e anexação de seus territórios, realçando que esforços devem ser feitos para se alcançar a "paz pela via negociada, como terminam todas as guerras no mundo".
"Apelamos mais uma vez à necessidade da libertação dos reféns israelitas e ao fim do genocídio contra o povo palestino na Faixa de Gaza e dos colonatos na Cisjordânia", continuou.
Sublinhou que o povo palestino tem o direito inalienável de viver em paz na sua própria terra, devendo ser desencorajada qualquer tentativa de expulsão dos seus cidadãos para países vizinhos.
Pediu que sejam dados passos concretos com vista à implementação das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, sobre a criação do Estado Soberano da Palestina.
Grandes Lagos
O estadista anunciou que a situação no Sudão estará no topo das prioridades da agenda de Angola, logo que assumir a Presidência da União Africana, em Fevereiro de 2025.
Por outro lado, João Lourenço informou que Angola está a trabalhar arduamente pelo fim do conflito nos Grandes Lagos, que opõe a República Democrática do Congo (RDC) ao Rwanda e desestabiliza toda região rica em recursos minerais.
Sobre Moçambique, apelou às autoridades governamentais, os partidos políticos e a sociedade civil a trabalhem para encontrarem as melhores soluções com vista a ultrapassar a crise pós-eleitoral, sob pena de afectar a paz e segurança, a integridade física dos cidadãos e a economia moçambicana e dos países limítrofes.
"Esta situação explosiva que o mundo vive justifica cada vez mais a premente necessidade de reformas do sistema das Nações Unidas, particularmente do seu Conselho de Segurança, que já não reflecte a realidade actual, daí a sua inoperância perante o agravar dos conflitos, que podem levar a uma confrontação de consequências imprevisíveis para a paz e segurança universal", declarou. VIC