Luanda - O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou, esta terça-feira, aos países do G20 para transferir, até ao próximo ano, dinheiro dos subsídios e investimentos em combustíveis fósseis para ajudar a transição energética justa.
Ao discursar na abertura do Debate de Alto Nível da 79ª Assembleia das Nações Unidas, Guterres disse este dinheiro deverá igualmente servir para estabelecer um preço efectivo sobre o carbono e implementar novas fontes inovadoras de financiamento, incluindo tributos solidários sobre a extração de combustíveis fósseis através de mecanismos transparentes legalmente vinculativos.
“Tudo isto levando em conta que aqueles que suportam a culpa devem arcar com a conta. Os poluidores devem pagar”, referiu
Lembrou que o G20 é responsável por 80% do total de emissões.
Afirmou que a indústria de combustíveis fósseis continua a embolsar lucros massivos e subsídios, enquanto as pessoas comuns arcam com os custos da catástrofe climática, desde o aumento dos prémios de seguro até a perda de meios de subsistência.
“O financiamento é essencial. A COP29 está chegando. Ela deve apresentar uma nova meta de financiamento significativa. E também precisamos de um fundo para perdas e danos que atenda à escala do desafio e que os países desenvolvidos cumpram suas promessas de financiamento para adaptação”, fundamentou.
Inteligência artificial
Para António Guterres, o rápido avanço das novas tecnologias representa outro risco existencial imprevisível.
No seu entender, a inteligência artificial mudará virtualmente tudo, desde educação e comunicação até cultura e política.
“Sabemos que a inteligência artificial (IA) está avançando rapidamente, mas para onde ela nos leva? Para mais liberdade ou mais conflito? Para um mundo mais sustentável?”, questionou.
Referiu que um punhado de empresas e até mesmo indivíduos já acumularam um enorme poder sobre o desenvolvimento da IA com pouca responsabilidade ou supervisão por enquanto. .
“Sem uma abordagem global para sua gestão, a inteligência artificial pode levar a divisões artificiais em todos os níveis – uma Grande Fractura com duas internets, dois mercados, duas economias – com cada país forçado a escolher um lado, e enormes consequências para todos”, alertou.
Nesta perspectiva, disse que as Nações Unidas são a plataforma universal para diálogo e consenso, pois está em uma posição única para promover a cooperação em IA – com base nos valores da Carta e do direito internacional.
“Dou boas-vindas aos primeiros passos importantes”, expressou, para mais adiante lembrar que duas resoluções na Assembleia Geral, o Pacto Digital Global e as recomendações do Órgão de Alto Nível sobre IA podem estabelecer as bases para uma governança inclusiva da IA.
“Vamos avançar juntos para fazer da IA uma força para o bem”, concluiu.
O debate de alto nível da 79ª Assembleia Geral da Nações Unidas arrancou hoje, em Nova lorque, com a presença de dezenas de chefes de Estado e de Governo de todo o mundo, tal como o Presidente da República, João Lourenço, e irá prolongar-se até ao próximo dia 30.ART
