Havana (Dos enviados especiais) - O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou, esta sexta-feira, em Havana, Cuba, que o índice de pobreza e a fome está a aumentar cada vez mais nos países em desenvolvimento, na sequência de crises globais.
Antonio Guterres fez essa referência na abertura oficial da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo do Grupo dos 77+China, que vai decorrer até sábado, onde Angola se faz representar pelo Presidente João Lourenço.
Na sua intervenção, o alto responsável da ONU referiu que, para além da pobreza e fome, regista-se o aumento dos preços dos produtos básicos e das dívidas públicas, associadas também aos frequentes desastres climáticos.
“Os sistemas e estruturas globais falharam. A conclusão é clara, o mundo está a falhar com os países em desenvolvimento”, lamentou.
Para mudar situação, António Guterres defendeu a necessidade de acções para garantir a boa governação, bem como a mobilização de recursos e dar prioridade ao desenvolvimento sustentável.
Nesta esteira, notou que é preciso uma acção global, que respeite a apropriação nacional para construir um sistema internacional em defesa dos direitos humanos.
“Isso exige que o G-77+China usem a sua voz para lutar por um mundo que funcione para todos”, exprimiu, defendendo que a tarefa começa com o próprio sistema multilateral.
Ciência e tecnologia
Relativamente à ciência, tecnologia e a inovação, tema principal do debate geral da Cimeira, António Guterres advogou que o mesmo pode forjar a solidariedade, resolver problemas comuns e ajudar a tornar os objectivos de desenvolvimento sustentável uma realidade.
Neste particular, o secretário-geral da ONU lamentou o facto dos estados africanos pagarem três vezes mais do que a média global por dados, enquanto os "titãs" da tecnologia acumulam uma riqueza inimaginável.
“Só uma acção global poderá combater estas desigualdades, garantir uma transição justa para uma economia digital e numa nova era tecnológica, ninguém seja deixado para trás”, expressou .
Para António Guterres a proposta da ONU do Pacto Digital Global pode conseguir exatamente isso.
O seu objectivo, destacou, é reunir governos e indústria para que a tecnologia funciona para toda a humanidade e acelera os objectivos de desenvolvimento sustentável.
O G-77+China foi criado em 15 de Junho de 1964 por 77 países em desenvolvimento e é o maior e mais diversificado grupo na arena multilateral, com 134 Estados Membros, entre os quais Angola, representando dois terços dos membros do sistema das Nações Unidas e 80 por cento da população mundial.
O grupo tem como finalidade promover os interesses económicos colectivos dos seus membros e melhorar a sua capacidade de negociação multilateral no âmbito do Sistema das Nações Unidas. AFL/VIC