Nouakchott (da enviada especial) – O secretário de Estado para a Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, Domingos Vieira Lopes, realçou esta terça-feira, na cidade de Nouakchott, o "bom nível" das relações políticas e diplomáticas entre Angola e a Mauritânia.
Em declarações à imprensa, à margem de um encontro com a comunidade angolana neste país, o diplomata disse que a presença da Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, na investidura do Presidente reeleito da Mauritânia, é um sinal claro da importância dessas relações.
Esperança da Costa vai representar o Chefe de Estado angolano, João Lourenço, na cerimónia de investidura, a acontecer esta quinta-feira, na capital mauritaniana, com a participação de dezenas de líderes africanos.
"A Mauritânia tem potencial, é um importante país para Angola, pelo que estamos a procurar por uma maior aproximação com o país, primando por uma relação mais equitativa", enfatizou o secretário de Estado.
Sublinhou que Angola e a Mauritânia têm em carteira a assinatura, em breve, de quatro instrumentos jurídicos de cooperação, bem como consultas políticas e a definição dos termos da Comissão Mista.
“Vamos procurar priorizar as áreas que devemos desenvolver, nos mais variados domínios, e trabalhar numa comissão mista”, disse.
Avançou ainda que os empresários da Mauritânia manifestam interesse de ver a ligação directa entre os dois países, com voos das Linhas Aéreas de Angola, TAAG, de forma a se fortalecer cada vez mais a cooperação.
Por seu turno, o embaixador de Angola na Mauritânia, Adão Pinto, considerou “boa” a cooperação entre os dois países, a julgar pelo número de cidadãos mauritanianos que exercem actividades económicas e empresariais em Angola.
Apelou aos empresários angolanos para investirem na Mauritânia, no âmbito da diplomacia económica.
Em relação à comunidade angolana na Mauritânia, o diplomata avançou que foram ouvidas as preocupações apresentadas e serão resolvidas, principalmente as questões relacionadas com o duplo registo de crianças angolanas em idade escolar, por causa dos casamentos mistos e a fusão da cultura.
Esclareceu que existem 150 angolanos registados na Mauritânia, maioritariamente do sexo feminino.
Segundo Adão Pinto, os empresários mauritanianos estão agradecidos por Angola ter aberto as portas para continuarem a trabalhar no país.
Já a porta-voz da comunidade angolana na Mauritânia, Joana Soares, disse que a maior preocupação é a falta de um consulado no país, para facilitar a renovação dos documentos, principalmente os passaportes, porquanto quem o quiser fazer tem de se deslocar para o Senegal, onde está a missão diplomática.
“Para a deslocação ao Senegal há muitos gastos e por esta razão precisamos da abertura de um consulado na Mauritânia“, sublinhou.
Apontou ainda como constrangimento a imposição do governo da Mauritânia do duplo registo das crianças, que não podem levar o nome materno.
“Apelamos às nossas autoridades para que cheguem a um consenso para resolver tais situações“, sublinhou.
Joana Soares disse haver facilidade de emprego para os angolanos na Mauritânia e sublinhou que as relações entre Angola e a Mauritânia são consideradas boas.
A cooperação entre os dois países teve início a 02 de Dezembro de 1987 e regista um avanço significativo desde 2007, fruto da missão realizada pelo embaixador Hermínio Escórcio, que culminou com encontros com as autoridades mauritanas.
A República Islâmica da Mauritânia apoia a candidatura de Angola para a presidência da União Africana. FMA/VIC