Luanda – Os chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) recomendaram, esta sexta-feira, a implementação de planos multissectoriais de resposta à cólera que englobem os efeitos dos desastres naturais e climáticos sobre o ressurgimento da doença.
De acordo com o comunicado final de uma cimeira extraordinária da organização, em formato virtual, os planos multissectoriais propostos devem garantir o controlo eficaz da propagação da enfermidade nos Estados-membros.
O encontro orientado pelo presidente em exercício da SADC, João Lourenço, recomendou igualmente a execução conjunta de campanhas de vacinação sincronizadas transfronteiriças contra a cólera, sempre que necessário, e a aquisição de vacinas para os países afectados e os não afectados em risco.
A região da SADC está, desde Janeiro de 2023, assolada por um surto de cólera, com o registo de casos, até ao último domingo, em cinco países (Botswana, África do Sul, Moçambique, Zâmbia e República Democrática do Congo).
Por esta razão, os Estados-membros da comunidade decidiram reforçar a colaboração regional nas áreas de avaliação do risco de surtos transfronteiriços e de vigilância da saúde pública, a fim de melhorar a detecção precoce e a prevenção de doenças.
De igual modo, defenderam o aumento do investimento na actual resposta de emergência à cólera, para garantir uma solução sustentável para a recorrente crise da doença, bem como a criação de programas de água, saneamento e higiene (WASH) resilientes ao clima e de redução do risco de desastres, visando prevenir futuros surtos.
De acordo com o documento, o chefes de Estado e de Governo da SADC recomendaram o aceleramento da produção local e regional de vacinas contra a cólera, para incrementar a produção e melhorar o acesso aos produtos de base, tais como soluções de reidratação oral e camas para tratamento da doença.
O objectivo é melhorar o controlo da segurança da cadeia de abastecimento e acelerar a transferência de tecnologias e de conhecimentos, refere a nota saída da sessão extraordinária desta sexta-feira.
Durante o encontro, os participantes também aprovaram o reforço das ferramentas de responsabilização para monitorizar as intervenções, devendo os governos locais apresentar relatórios anuais sobre o seu desempenho neste domínio.
Por outro lado, apresentaram sentidas condolências e solidariedade aos países e às famílias enlutadas pela perda de vidas humanas causadas pelo surto da cólera.
Saudaram os parceiros de cooperação internacionais, nomeadamente o CDC África, a OMS, o UNICEF e o PAM, pelo apoio técnico e financeiro prestado em prol da resposta à cólera na região.
A cimeira nomeou o Presidente da República da Zâmbia, Hakainde Hichilema, "Campeão Regional da Luta Contra a Cólera", para liderar os esforços de combate a esta doença na região da SADC.
Manifestou o seu apreço ao presidente em exercício da SADC, João Lourenço, por acolher a sessão extraordinária da Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da SADC sobre a Cólera.
Por seu turno, Joáo Lourenço manifestou a sua gratidão a todos aos seus homólogos regionais por terem participado na reunião e pelo seu compromisso firme em garantir a saúde e o bem-estar dos povos da região.
Criada em 1992, a SADC é uma organização inter-governamental dedicada à cooperação e à integração socioeconómica da região, bem como à cooperação em matéria de política e segurança.
Integram a SADC Angola, Botswana, Comores, República Democrática do Congo, eSwatini, Lesotho, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seychelles, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe. MCN/ADR