Luanda - O analista político Bernardino Neto considerou esta quarta-feira, em Luanda, que a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) poderá ganhar novo vigor com a Presidência de Angola, fundamentalmente no domínio económico.
Em declarações à ANGOP, a propósito da 43ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização, a decorrer em Luanda, de 7 a 17 desde mês, referiu que a liderança do país vai constituir um elemento de grande “preponderância” para a SADC.
O especialista entende que, com a Presidência angolana, pode-se capitalizar o comércio regional e africano, sendo, por isso, necessário que os Estados membros, em particular Angola, materializem a prioridade da industrialização e da aposta no capital humano.
Segundo a fonte, para materializar o desiderato da industrialização, os países da região deverão fazer investimentos em dois elementos: no homem e nas infra-estruturas.
Lembrou que a prioridade do documento estruturante da SADC é a industrialização, sector em que a África do Sul está bem desenvolvida, como resultado da sua estratégia de construção de infra-estruturas para a transformação e exportação de minerais.
Bernardino Neto acrescentou que a SADC tem um Roteiro da Industrialização até ao ano de 2050, que visa, essencialmente, facilitar a criação das chamadas cadeias de valor nas economias dos 16 Estados membros, dirigidas, sobretudo, para o agronegócio.
O documento visa, igualmente, permitir que se continue com o processo de mineração na África do Sul, de forma a expandir o comércio de minas por toda a região, disse.
O especialista entende que outro factor importante para a industrialização regional é impulsionar o sector do Turismo, como forma de diversificação das economias locais.
Diante desse quadro, afirmou que Angola, ao assumir a Presidência rotativa da SADC, “deverá ter um distintivo”, ou seja, aderir, até 2024, à zona de Comércio Livre (ZCL) da região, depois de mais de uma década de espera.
Reconheceu, entretanto, tratar-se de um processo difícil e complexo, em que a classe empresarial e o sector privado devem estar robustos, para o país conseguir fazer intercâmbio com produtos oriundos da maior economia da região, a África do Sul.
“Para podermos industrializar, precisamos de investir na economia, que é prioridade do Plano Nacional de Desenvolvimento, projectado pelo Governo para 2023-2027, que traz o capital humano, coincidindo com o lema da Cimeira”, disse.
O analista referiu ainda que a Presidência de Angola terá de focar-se no capital humano, sobretudo no jovem, e na revisão do Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional.
Lembrou, por outro lado, que África, no seu conjunto, participa do comércio mundial com apenas três por cento, ou seja, dois (2) triliões e 900 mil milhões de dólares, sendo que e 700 mil milhões de dólares saem da região da África Austral, a SADC.
Conforme a fonte, todos os outros valores são cobertos pelos restantes blocos sub-regionais, como a CEDEAO, a CEEAC, a EAC, o COMESA, o IGAD e o CILSS.
“Dentro desta malha dos blocos sub-regionais, posso afirmar que a SADC é o motor da integração regional”, concluiu o analista. FMA/SC