Luanda - A segunda reunião ministerial para a busca da paz e segurança, no Leste da República Democrática do Congo (RDC) realiza-se terça e quarta-feiras, em Luanda, com a participação das partes signatárias do acordo de cessar-fogo, sob mediação de Angola.
A reunião visa dar corpo ao acordo de cessar-fogo que vigora desde o dia 4 deste mês, assinado em Luanda entre os ministros das Relações Exteriores da RDC e do Rwanda.
O evento resulta das recentes deslocações que o Presidente da República de Angola, João Lourenço, na qualidade de medianeiro designado pela União Africana, efectuou a Kigali e a Kinshasa, nos dias 11 e 12 do corrente mês, respectivamente.
Na ocasião, o Chefe de Estado angolano procedeu à entrega de uma Proposta de Acordo de Paz aos Presidentes Paul Kagame e Félix Tshisekedi.
Neste contexto, a reunião ministerial deverá abordar essencialmente a proposta de paz duradoura submetida às partes, visando um entendimento comum, relativamente a uma solução negociada e pacífica do conflito prevalecente na Região Leste da RDC, que se agravou desde finais de 2023.
No seu discurso na 44ª Cimeira da SADC, ocorrida sábado em Harare, Zimbabwe, o Presidente João Lourenço disse que o conflito no Leste da RDC constitui um desafio ao qual “temos vindo a fazer face, com perspectivas animadoras”.
“Tendo em conta os entendimentos alcançados sobre o cessar-fogo nessa região entre a República do Rwanda e a República Democrática do Congo em vigor desde o dia 4 de Agosto, vamos trabalhar no sentido de serem dados passos concretos para a negociação e assinatura de um acordo de paz definitivo”, referiu.
Afirmou que Angola, no seu papel de mediador, submeteu ao Rwanda e à RDC um projecto de acordo de paz, que está a ser apreciado por ambos e começará a ser discutido e negociado entre delegações ministeriais de ambas as partes, a partir desta terça-feira, em Luanda.
Recentemente, no seu discurso de posse para mais um mandato, o Presidente do Rwanda, Paul Kagame, agradeceu ao estadista angolano pelos esforços que tem levado a cabo para a pacificação do Leste da RDC, cuja crise instalada afectou as relações entre os dois países vizinhos.
"Gostaria de fazer uma pausa para agradecer aos Presidente de Angola, João Lourenço, do Quénia, William Ruto, entre outros, por tudo o que fizeram e continuam a fazer em prol da paz no Leste da RDC", reconheceu Kagame.
Esta não é a primeira proposta que Angola apresenta para a pacificação do Leste da RDC. Antes desta, já havia sugerido o Roteiro de Luanda, documento que aponta os caminhos para a pacificação do Leste da RDC.
O conflito no Leste da RDC, que persiste desde 2022, é liderado por forças do movimento rebelde M23, supostamente apoiadas por forças do Governo rwandês.
Os ataques, que retomaram em Dezembro de 2023, têm como alvo as populações civis, bem como a violação dos direitos humanos, incluindo a ocupação de várias áreas no território congolês, o que constitui uma clara violação dos Processos de Luanda e de Nairobi, prejudicando os esforços e iniciativas diplomáticas para a paz e estabilidade nesse país vizinho de Angola. ART