Pretória (Dos enviados especiais) - O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, considerou hoje, quinta-feira, em Pretória, África do Sul , a visita do homólogo angolano, João Lourenço,uma oportunidade para impulsionar a cooperação bilateral, sobretudo, econômica.
O estadista sul-africano, que discursava na abertura das conversações oficiais entre as delegações ministeriais de Angola e da África do Sul, no quadro da visita oficial do Chefe de Estado angolano, disse que a dinâmica da cooperação pretendida vai fortalecer o comércio, investimento e as relações políticas e interpessoais entre ambos países.
Lembrou que África do Sul e Angola partilham um vínculo fraterno que remonta ao apoio que o MPLA deu à luta de libertação do povo sul-africano.
“Quando Angola alcançou a independência em 1975, ainda sofríamos sob a tirania do regime do apartheid”, recordou.
Cyril Ramaphosa, advogou que a decisão de ambos governos de elevar o mecanismo bilateral estruturado de Comissão Mista de Cooperação para Comissão Binacional reflecte o compromisso comum de aprofundar as relações.
Defendeu que o seu país deve tornar-se o destino de eleição dos bens, produtos e serviços angolanos e vice-versa.
Fez saber que, aproximadamente vinte empresas sul-africanas já estão presentes em Angola e, ao longo dos anos, têm estado num esforço concertado para explorar oportunidades de investimento para além do sector petrolífero.
“Queremos ver mais empresas angolanas na África do Sul. Existem oportunidades no desenvolvimento de infra-estruturas, agricultura, construção, mineração, serviços financeiros, telecomunicações e indústria transformadora, para citar apenas alguns”, exprimiu.
Sublinhou que África do Sul deu prioridade à implementação de reformas económicas estruturais para melhorar o ambiente operacional de negócios e o clima de investimento e, através destas, espera atrair mais investidores angolanos.
Corredor do Lobito
A este respeito, Cyril Ramaphosa disse sentir -se imensamente encorajado pelo desenvolvimento do Corredor Transafricano do Lobito em Angola e está pronto para trabalhar com Angola e contribuir dentro das possibilidades dos projectos que existem.
Em seu entender, tanto Angola como a África do Sul possuem depósitos minerais substanciais e, por isso, precisam de cooperar em estratégias e políticas que garantam uma maior beneficiação dos seus minerais.
“Isto tornar-se-á especialmente importante à medida que cresce a procura global dos minerais essenciais necessários à transição energética”, acrescentou.
Na sua perspectiva, o Acordo Comercial Continental Africano é um catalisador para o crescimento económico inclusivo que vai tirar partido do sistema de termos preferenciais fornecido aos signatários.
“À medida que Angola e a África do Sul se esforçam por acelerar o ritmo da industrialização, precisamos de construir capacidades mutuamente complementares no fabrico e na agregação de valor dos produtos”, frisou.
As relações de cooperação entre Angola e África do Sul têm bases históricas e estratégicas sólidas, derivadas do apoio mútuo durante os períodos de luta pela independência e contra o apartheid.
Assinaram o Acordo Geral de Cooperação Económica, Científica, Técnica e Cultural, em 1998, em Luanda.
Foram igualmente assinados vários outros instrumentos jurídicos de cooperação entre os dois países, dos quais se destaca a criação da Comissão Bilateral de Cooperação no ano de 2000, um mecanismo diplomático de crucial importância que nos últimos anos tem sido o principal meio de interacção, com a realização, alternadamente em Pretórios e Luanda, de quatro sessões até o momento, que permitiram a efectivação de acções de cooperação.AFL/ART