Adis Abeba (Dos enviados especiais) - O Chefe do Gabinete da Divisão de Operações de Apoio à Paz da União Africana, angolano Carlos Pederneira, defendeu, esta terça-feira, em Adis Abeba, maior engajamento dos Estados-Membros da UA para a operacionalização efectiva da Força Africana em Estado de Alerta.
O oficial de nacionalidade angolana, que falava à ANGOP, em Adis Abeba (Etiópia), no quadro da 36ª Cimeira da UA, a ter lugar sábado e Domingo, precisou que a Força Africana em Estado de Alerta da UA conceptualmente está activa, mas operacionalmente ainda não "talvez por falta de compromisso dos Estados-Membros".
Segundo o major das Forças Armadas Angolanas (FAA) afecto ao Departamento de Assuntos Políticos de Paz e Segurança da UA, o grande desafio que se coloca à Forca Africana em Estado de Alerta é o seu desdobramento, facto que ainda não aconteceu.
O continente está dividido em cinco regiões e o que foi acordado, disse a fonte, é que cada região deveria criar uma brigada com as componentes militar, policial e civil e estas cinco brigadas é que compõem a Força Africana em Estado de Alerta, com o seu posto comando baseado na sede da UA.
"Significa dizer que, quando se fala da Força Africana em Estado de Alerta da UA é a composição das cinco brigadas regionais", aclarou.
Actualmente a Força Africana em Estado de Alerta da UA está sob comando do também angolano tenente general António Namas Benedito Xavier.
De acordo com o major Carlos Perdeneira, a nomeação deste oficial general foi muito bem recebida, dada a experiência de Angola na gestão de resolução de conflitos.
Adiantou que o outro desafio que se coloca à Força Africana em Estado de Alerta é o investimento no capital humano e financeiro.
"Temos situações aqui na UA que se tivermos um projecto para essa força, ainda temos que ir buscar financiamento fora do continente", disse o oficial, para quem os parceiros que financiam projectos dentro da UA vêm com as suas modalidades ou políticas, às vezes desalinhadas com a realidade africana
Fez saber que a Missão da União Africana para a Somália (AMISOM) foi operada pela UA com aprovação da ONU, que transitou depois para ATMIS.
"Se não tivermos apoio de parceiros, a missão vai terminar e não estamos em condições de terminá-la porque o problema na Somália ainda não foi resolvido, daí a necessidade de termos a Força Africana em Estado de Alerta pronta para dar cobertura a está força na Somália", sustentou.
Base logística continental
O major Carlos Pederneira fez referência a um relatório do Departamento de Paz e Segurança da UA que advoga um maior engajamento para o aprimoramento da base logística continental, que é uma peça fundamental para as Operações de Paz no continente.
Fez saber que neste momento está a ser desembarcado na base logística em Douala, nos Camarões, material no valor de 66 milhões de dólares, fornecido pela China.
Adiantou que parte deste material, a rondar os seis milhões de dólares, é que está servir também para a missão da UA em Moçambique, desde o apoio e estabelecimento da missão às próprias forças no terreno, bem como para a missão na Somália.
Quadros angolanos na UA
A União Africana (UA) conta com quadros angolanos que mereceram avaliação positiva pela sua competência e elevada qualificação, para exercerem cargos de relevância na UA.
Só no Departamento de Assuntos Políticos de Paz e Segurança da UA encontram-se destacados, em comissão de serviço, cinco angolanos, sendo três militares e dois na vertente civil.
Nos corredores da sede da UA, a ANGOP deparou-se com os jovens Kevim Masseca e Weza da Fonseca, 28 e 25 anos, respectivamente, a emprestarem o seu saber na organização continental.
Weza da Fonseca, formada em Conventry, no Reino Unido, conta que teve uma inserção muito boa no Departamento em que labora, tendo contado com o apoio de uma colega ugandesa que trabalha na UA há onze anos.
"É uma experiência ímpar porque a nível profissional estar a trabalhar na capital da diplomacia africana engrandece e enriquece muito o nosso currículo profissional", enfatizou Weza da Fonseca, apelando outros jovens angolanos com perfil adequado para integrarem também os quadros da UA.
"Fizemos parte dos países que mais contribuem para essa organização, mas ainda não estamos bem representados", assinalou.
Fez saber que depois de o Presidente João Lourenço ter recebido o título de Campeão para a Paz e Reconciliação em África, existe uma unidade de diálogo dentro da UA responsável para o tratamento da agenda do Campeão.
Na questão da RDC, por exemplo, disse, "temos o Campeão para a Paz e Reconciliação em África como uma peça fundamental para resolução deste problema, devido à nossa história e ao nosso processo de reconciliação"
O Executivo angolano através do Ministério das Relações Exteriores, tem estado a trabalhar no sentido de criar as condições que permitam os angolanos poderem concorrer para o provimento de vagas ao nível das Organizações Internacionais e Regionais.
Para o efeito, criou uma plataforma no sentido de permitir que os angolanos em qualquer parte do mundo possam ter acesso a um conjunto de informações relevantes e úteis sobre o processo de inserção de quadros nos organismos internacionais. DC/AL/ADR