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Provedora de Justiça consternada com a morte de Dom Alexandre do Nascimento

     Política              
  • Luanda • Domingo, 29 Setembro de 2024 | 19h34
Provedora de Justiça da República de Angola, Antônia Florbela Araujo
Provedora de Justiça da República de Angola, Antônia Florbela Araujo
David Dias-ANGOP

Luanda - A provedora de Justiça, Florbela Araújo, manifestou-se, este domingo, “profundamente” consternada pela morte de Dom Alexandre Cardeal do Nascimento, arcebispo emérito de Luanda.

Numa nota enviada à ANGOP, a provedora de Justiça realça que o “infausto” acontecimento é uma perda “irreparável” para a família, a Igreja Católica e para todos os angolanos.

“Dom Alexandre foi um proeminente filho de Angola que, ao serviço da igreja, muito cedo abraçou a missão de espalhar pelo mundo a palavra de Deus, pacificando os espíritos, tendo desempenhado com brio e decoro a sua marca de líder religioso, doador, mediador e conciliador”, lê-se.

Conforme o documento, o arcebispo emérito de Luanda deixa seu nome escrito na história de Angola e da igreja Católica local, como um dos seus melhores filhos e o primeiro a atingir a mais alta hierarquia.

Florbela Araújo expressa em seu nome pessoal, do Provedor de Justiça-Adjunto e dos demais funcionários da Provedoria de Justiça os mais profundos sentimentos de pesar à Igreja Católica e à família enlutada.

Numa outra nota a Academia Angolana de Letras (AAL), em que o malogrado foi membro fundador, a direcção destaca a trajectória do prelado, nos mais de 70 anos ao serviço das Letras, da Evangelização e do conhecimento.

Reconhece que a trajectória de Dom Alexandre ficou marcada pela resiliência e compromisso com a justiça social, deixando um legado duradouro na Igreja Católica, na sociedade angolana e no Mundo.

Pela sua vasta obra, refere o informe que Dom Alexandre fez-se “pai para os pobres e conselheiro para os aflitos, como um farol de esperança em tempos de escuridão e um exemplo de humildade e sabedoria”.

Neste sentido, considera os contributos indispensáveis para a edificação da moderna intelectualidade angolana.

Alexandre do Nascimento nasceu na província de Malanje, a 1 de Março de 1925, e estudou nos seminários de Bângalas, de Malanje e de Luanda.

Em 1948, foi enviado para a Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, onde obteve o bacharelado em Filosofia e a licenciatura em Teologia, sendo ordenado Padre a 20 de Dezembro de 1952.

Enquanto padre, tornou-se professor de Teologia Dogmática do Seminário Maior Arquidiocesano do Sagrado Coração de Jesus, em Luanda, e redactor-chefe do Jornal Católico "O Apostolado", entre 1953 e 1956, e exerceu a função de Pregador da Sé Catedral, de 1956 a 1961.

A 10 de Agosto de 1975, foi nomeado bispo de Malanje, sendo ordenado a 31 de Agosto de 1975, na Sé Catedral de Luanda.

A 3 de Fevereiro de 1977, foi promovido a Arcebispo Metropolitano do Lubango e administrador apostólico ad nutum Sancta Sedis da Diocese de Ondjiva.

A 5 de Janeiro de 1983 foi anunciada a sua criação como cardeal, pelo Papa João Paulo II, no Consistório de 2 de Fevereiro, em que recebeu o barrete vermelho e o título de cardeal-presbítero de São Marcos em Agro Laurentino.

Na sequência, Alexandre do Nascimento foi transferido para a Arquidiocese de Luanda a 16 de Fevereiro de 1986, tendo dirigido esta região até 23 de Janeiro de 2001.

Foi, também, presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, entre 1990 e 1997, e a 5 de Junho de 2015 ingressou na Ordem dos Pregadores.

Ao longo da sua carreira foi reconhecido com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, entregue na Embaixada Portuguesa em Luanda, a 19 de Julho de 2010, e tem doutoramento Honoris Causa pela Universidade Católica de Angola (2019).

Em termos de obras, Dom Alexandre Cardeal do Nascimento possui "Após 15 anos, uma hora verdadeiramente eucarística nas ruas de Luanda : alocução feita no termo da procissão do corpo de Deus", "Caminhos da Esperança", "Como eu li o Livro de Rute", "Diário íntimo e outros escritos de piedade", "Do Conceito da Civilização e suas Incidências", "Do homem sem fé - suas possibilidades e Limites - Segundo Francisco Suarez".

Quanto a escritos pastorais, destaque para “Experiência constitucional angolana e a justificação dos direitos fundamentais", "Livro de ritmos", "Meditações para o ano Santo", "Pequeno livro de Nossa Senhora" e "Sobre o belo e a Moral". CPM/DP





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