Luanda - A paz, segurança e estabilidade política na República Centro Africana estiveram em análise, esta quinta-feira, em Luanda, no encontro privado entre o Presidente angolano, João Lourenço, e o seu homólogo centro-africano, Faustin Archange Touadéra.
Faustin Touadéra, que se encontra no país em visita de algumas horas, fará um pronunciamento à imprensa, hoje, antes de regressar a Bangui, capital da República Centro Africana (RCA).
O Chefe de Estado angolano na qualidade de presidente em exercício da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) tem sido informado regularmente pelo homólogo da RCA sobre a situação nesse país, que, a 15 deste mês, decretou um unilateralmente um cessar-fogo em todo o território.
Na sequência do anúncio do cessar-fogo, o Presidente João Lourenço, em nome da CIRGL, saudou o povo centro-africano, considerando a decisão como o reconhecimento de que o diálogo aberto e construtivo entre todos as forças vivas é a melhor via para o alcance da paz e estabilidade tão ansiada pelo povo centro-africano.
Situação na RCA
Na última sexta-feira (15), o Presidente da República Centro-Africana, Faustin-Archange Touadéra, anunciou um cessar-fogo unilateral, por parte do exército no conflito com grupos rebeldes, que aceitaram a trégua, à excepção de duas importantes organizações.
O anúncio surge em consequência dos esforços empreendidos pela Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL).
Desde o golpe de Estado perpetrado pelo grupo rebelde “Seleka“, que conduziu à queda de François Bozizė, ex-Presidente centro-africano, o país esteve mergulhado numa situação de insegurança crescente.
As populações foram obrigadas a deixar as suas aldeias, face aos violentos confrontos de carácter étnico e religioso.
Desde Dezembro de 2020, cerca de 60 mil cidadãos fugiram da violência, que assola a RCA, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
O actual Chefe de Estado, Faustin-Archange Touadéra, venceu as presidenciais de 27 de Dezembro último, com 53,16 por cento dos votos, contra 21,69 por cento do seu principal adversário, o antigo primeiro-ministro Anicet Georges Dologuéle.
As eleições decorreram num contexto de insegurança. Dez dias antes do pleito, seis dos mais poderosos grupos armados da RCA, que controlam dois terços do território e cuja maioria apoia o antigo Presidente François Bozizė (cuja candidatura foi invalidada), aliaram-se à Coligação dos Patriotas para a Mudança.
Estes grupos armados lançaram, a 19 de Janeiro, uma nova ofensiva em direcção à capital Bangui, para impedir a reeleição do Presidente Touadera e a realização do escrutínio.
O ataque foi repelido pelas tropas centro-africanas, com o apoio de cerca de 12 mil "capacetes azuis" da MINUSCA, a força da ONU de manutenção da paz, e de para-militares russos.
A CIRGL foi criada com o objectivo de resolver questões de paz e segurança, após os conflitos políticos que assolaram a região, em 1994.
Os países membros CIRGL são: Angola, Burundi, Congo, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Rwanda, Sudão, Sudão do Sul, República Unida da Tanzânia, Uganda e Zâmbia.