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Presidente João Lourenço termina visita oficial à China

     Política              
  • Luanda • Domingo, 17 Março de 2024 | 14h45
Presidente João Lourenço com a comunidade na China
Presidente João Lourenço com a comunidade na China
Francisca Augusto- ANGOP

Beijing (Da enviada especial) - O Presidente angolano, João Lourenço, terminou este domingo a sua visita oficial à República Popular da China, marcada pela assinatura de acordos e a renegociação da dívida de Angola ao país asiático. 

João Lourenço já deixou a capital chinesa, Beijing, após três dias de intensa actividade política, económica e diplomática, que abriu uma nova era na cooperação bilateral e na parceria estratégica entre os dois Estados.

O Chefe de Estado angolano, que deixou a China satisfeito com os resultados da sua visita, foi despedido no Aeroporto Internacional de Beijing por autoridades chinesas e pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António.

Na ocasião, o chefe da diplomacia angolana afirmou que a visita foi bastante positiva e foram cumpridos os objectivos.

Durante a sua estadia na China, João Lourenço manteve encontros de alto nível com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, e com o primeiro-ministro, Li Qiang, além de uma reunião de cortesia com o presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (Parlamento), Zhao Laji.

O primeiro dia da agenda foi ainda preenchido por intensa jornada de audiências com homens de negócios da China, que apresentaram o ponto de situação de vários projectos em curso em Angola, sobretudo a Barragem de Caculo Cabaça e o novo Aeroporto Internacional de Luanda. 

Ao longo da sua visita, o Presidente da República discutiu com as autoridades chinesas e os investidores privados as várias modalidades de financiamento de novos projectos em Angola, em diferentes sectores, com realce para a agricultura, pescas, refinação de petróleo, telecomunicações e tecnologias de informação, saúde e infra-estruturas. 

No encontro com o seu homólogo Xi Jinping, enfatizou a questão da renegociação da dívida de Angola à China, fixada em cerca de 17 mil milhões de dólares norte-americanos.

Detalhou que, desse valor, cerca de 12 mil milhões de dólares americanos foram contraídos junto do Banco de Desenvolvimento Chinês CDB e do EximBank, com colateral petróleo e cláusulas de reembolso que sobrecarregam o nosso serviço da dívida.

O líder angolano assegurou que Angola e China chegaram a entendimentos sobre medidas de alívio para continuar a cumprir com o serviço da dívida.

Afirmou, entretanto, que os acordos alcançados em relação à renegociação da dívida de Angola não devem representar prejuízos para a entidade credora.

O Presidente João Lourenço sustentou que foram encontradas "medidas de alívio que não prejudicam os interesses de nenhuma das partes". 

Ainda no encontro com o Presidente Xi Jinping, solicitou o apoio da China para ajudar Angola a sair da situação de asfixia em que se encontra, e convidou o seu homólogo a visitar o país, convite já aceite pelo líder chinês. 

No final da reunião, os dois presidentes testemunharam a assinatura de 12 instrumentos jurídicos para o reforço da cooperação, em sectores como o comércio, agricultura, desenvolvimento sustentável e infra-estruturas digitais.

Fórum de negócios

Outro marco da agenda de trabalhos do Presidente João Lourenço foi a participação no Fórum de Negócios Angola-China, que contou com a presença de mais de mil e 300 empresas, das quais 30 angolanas.

Ao intervir na reunião, o estadista angolano convidou os empresários chineses a investir no Corredor do Lobito, província de Benguela, na produção de bens alimentares, incluindo cereais e grãos, açúcar, pecuária e pescas.

Apontou ainda a indústria de produção de baterias para o fabrico de automóveis de propulsão eléctrica, painéis fotovoltaicos para energia solar, turismo e outros sectores da economia, como áreas a contar.

Convidou igualmente os empresários chineses a investir em fábricas de produção de medicamentos e de vacinas certificadas, cujo principal cliente será o Estado angolano, para alimentar o Sistema Nacional de Saúde.

 Por outro lado, disse que Angola pretende atrair investidores chineses que tragam , além do capital financeiro e tecnologia avançada, "know-how”, para permitir aumentar a eficiência na produção interna de bens e de serviços.

O Presidente da República manteve também um encontro com a comunidade angolana, que serviu para falar da realidade dos mesmos e transmitir os avanços registados em Angola, em vários domínios, nos últimos oito anos.

Shandong

O último dia da visita oficial ficou marcado pela deslocação à província de Shandong, a mais de 400 quilómetros de Beijing, onde o Presidente João Lourenço visitou várias empresas, como a Xinhua Medical Instrumentos co.LTd, que produz dispositivos médicos e equipamentos farmacêuticos.

O Presidente de Angola esteve também na Academia de Ciências Agrícolas, visando encontrar soluções adaptáveis à realidade de Angola que possam alavancar a agricultura. 

Deslocou-se igualmente à base de cultivo de cogumelos comestíveis da Qihe Biotech, empresa nacional de alta tecnologia, que trata da pesquisa, desenvolvimento, produção e vendas e exportação, para além da demonstração tecnológica. 

Igualmente, tomou contacto com o Grupo Lutai, que é um fornecedor de vestuário com tecidos de ponta, actualmente considerado o maior produtor de tecidos de cor tingida de alta qualidade do mundo, sobretudo camisas.

Shandong é uma província populosa, com uma população residente de cerca de 102 milhões de pessoas. É a segunda maior em termos de população, atrás apenas de Guangdong.

É uma das mais desenvolvidas de toda a China, dispondo de um Produto Interno Bruto calculado em mais de um trilião de dólares. Com uma população de 102 milhões de pessoas é o território onde nasceu o grande pensador chinês Confúcio. 

No final dos trabalhos, o Presidente da República concedeu uma entrevista a um órgão de comunicação social local, que serviu para abordar os resultados da visita e falar sobre outros aspectos relacionados com a cooperação bilateral, a realidade de Angola e a geopolítica mundial. FMA/VIC/ADR 





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