Roma (Dos enviados especiais) – O Presidente da República de Angola, João Lourenço, reconheceu esta quarta-feira, em Roma (Itália), a existência de um grande potencial para o desenvolvimento das relações de cooperação bilateral com a Itália.
Em declarações à imprensa no Palácio Presidencial de Roma, onde manteve um encontro com o seu homólogo italiano, Sergio Mattarella, no quadro de uma visita de Estado de dois dias, argumentou que se chegou à conclusão de que existe ainda um grande potencial por se explorar, “há muito terreno por se galgar”.
O Presidente salientou que a presença italiana em Angola hoje está limitada, sobretudo, aos sectores energético, da agricultura e também da defesa e segurança.
“Entendemos que isso é pouco e é nosso desejo que os investidores italianos entrem em outros sectores da economia angolana, nomeadamente nas rochas ornamentais, nas indústrias da madeira (confecção de moveis), farmacêutica, entre outras”, disse.
Neste sentido, o estadista referiu que o país tem “as portas abertas” para receber os investidores italianos.
No entanto, disse o Presidente angolano que a ocasião foi aproveitada para tratar não só de questões bilaterais de carácter económico, mas também da cooperação cultural entre os dois países.
Acrescentou que a Itália tem das melhores universidades do mundo, onde existe um certo número de estudantes angolanos, mas é do interesse das autoridades de Angola que este número possa aumentar.
Durante a declaração, reafirmou o apoio do país para que a capital italiana (Roma) possa acolher a Expo Universal 2030.
Segundo o Presidente angolano, a ocasião foi aproveitada, ainda, para passar também em revista questões da política mundial, nomeadamente os vários conflitos armados que, “lamentavelmente, ainda existem África”.
Entre estes, disse, a questão da República Democrática do Congo (RDC), bem como a situação tensa que se vive nos países que compõe a chamada região do Sahel, entre os quais o Mali, Borkina Faso, Guiné, Nigéria e Sudão, neste último onde o conflito é já responsável por um número considerável de vítimas humanas, de deslocados internos e refugiados, bem como da destruição do património.
No encontro, esteve ainda em abordagem o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que é igualmente responsável pelas maiores crises humanitárias, alimentar e energética que o mundo vive depois da II Segunda Guerra Mundial, terminada em 1945.
O Presidente João Lourenço reafirmou ainda as posições comuns de Angola e Itália, no que toca à condenação à invasão, ocupação e anexação de parte do território ucraniano pela Rússia.
Neste sentido, apelaram ao fim imediato do conflito, bem como a que se chegue rapidamente a um cessar-fogo e se dê início a negociações que garantam a paz e segurança, não apenas para a Ucrânia, para a Europa, mas para o Mundo.
Isso, argumentou, se tivermos em conta que caso isso não aconteça, a paz, corre-se o risco de tornar-se num conflito nuclear, que será mau para todo o mundo.
A visita de Estado do Presidente angolano a Roma surge em retribuição à do Estadista italiano, Sergio Mattarella, efectuada a Angola, em 2019, no caso, o primeiro Chefe de Estado italiano a visitar o país.
Os dois países formalizaram as relações diplomáticas e de cooperação a 4 de Junho de 1976 e no dia 3 Agosto de 1977 assinaram o Acordo de Cooperação Técnica, bem como o Memorando de Intenções, através do qual foi criada a Comissão Mista Angola/Itália.
Ambos os Estados assinaram o primeiro instrumento jurídico denominado Acordo relativo aos Transportes Aéreos a 10 de Abril de 1976. AL/SC/ADR