Luanda – O Chefe de Estado angolano, João Lourenço, recebeu do ministro da Cultura, Filipe Zau, o certificado da classificação dos Sona como Património Cultural Imaterial da Humanidade, atribuído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
O evento teve lugar esta noite no Centro Cultural Manuel Rui Monteiro, na cidade do Huambo, no quadro das celebrações do 8 de Janeiro, dia da Cultura nacional.
A palavra Sona (plural de lusona) serve para designar a escrita em geral (letras, figuras e desenhos) e consiste na combinação de pontos e traços feitos na areia.
Ela é feita através de técnicas existente há milhares de anos no contexto cultural dos povos Lunda Cokwe, da região Leste de Angola.
Esta técnica, no fundamental, visa auxiliar o processo de memorização ao contar-se histórias.
Deste feita, os Sona são uma forma de manifestação cultural com grande valor para a matemática pura, aplicada e para a educação como consequência do rigor com que esta escrita é feita.
O seu conhecimento tem passado de geração em geração pela via oral, o que tem contribuído para a redução significativa dos conhecedores desta arte.
Este reconhecimento da UNESCO permite lançar bases para a promoção do turismo cultural na região Leste do país e em outras localidades.
No entanto, antes de tudo, a riqueza cultural do conhecimento ancestral que simbolizam os Sona deve ser transmitida de geração à geração, com vista a valorização do estatuto científico e cultural, o que implica o resgate e valorização dos mesmos.
Os Sona passa a ser o primeiro Património Cultural Imaterial da Humanidade inscrito por Angola na UNESCO e o segundo sobre a Matemática, tendo em conta que o primeiro e, até então, único pertence à China.
Até a sua classificação como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, foi desenvolvido uma estratégia baseada em três etapas.
Inicialmente foi a sua declaração a Património Nacional, depois a dimensão mundial e, por último, com acções para a sua salvaguarda, com o objectivo de se evitar a extinção da prática nas comunidades.
Entre as medidas levadas a cabo pelas autoridades angolanas, figuram trabalhos relacionados com estudos que reconhecem a geometria Sona, como importante recurso pedagógico e científico.
Neste contexto têm sido desenvolvidas acções para a salvaguarda do mesmo pela universidade Lueji A’Nkonde, o Instituto Nacional do Património Cultural e o Museu Regional do Dundo.
Entre as ações desenvolvidas estão ainda a realização periódica de várias actividades, como aulas, palestras e outros eventos científicos, assim como a transmissão do Sona, através dos seus mestres e a sua incorporação no plano curricular do ensino angolano.
A par dos Sona, o país conta também com a cidade de Mbanza Kongo, capital da província do Zaire, igualmente elevada pela UNESCO à categoria de Património Mundial da Humanidade.
Património Cultural Imaterial da Humanidade é uma distinção criada em 1997 pela UNESCO para a protecção e o reconhecimento do património cultural imaterial, abrangendo as expressões culturais e as tradições que um grupo de indivíduos preserva, em respeito da sua ancestralidade, para as gerações futuras.
São exemplos de património imaterial: os saberes, os modos de fazer, as formas de expressão, celebrações, as festas e danças populares, lendas, músicas, costumes e outras tradições. SC