Luanda – O Presidente da República, João Lourenço, participou esta quinta-feira no arranque da campanha de colheita de trigo na fazenda Vinevala, localizada no município do Chinguar, província do Bie.
João Lourenço serviu-se de uma foice para cortar algumas espigas do cereal e, acto contínuo, subiu para um equipamento de colheita mecanizada para conduzi-lo por vários metros e colher, desse modo, maior quantidade de trigo.
Depois deste acto carregado de simbolismo, o Presidente da República seguiu até à vila do Chinguar onde visitou a indústria de transformação do trigo em farinha, propriedade da fazenda Vinevala.
Em todos os momentos, o Presidente foi recebendo explicações sobre os processos que envolvem a cadeia produtiva do trigo de parte do empreendedor Alfeo Vinevala, na actualidade o maior produtor, a nível nacional, do cereal de que se obtém o pão.
São aproximadamente 15 mil toneladas a serem colhidas deste cereal, plantado em cinco mil e oitenta hectares de terra, contra os três mil cultivados na época passada.
João Lourenço aproveitou para fazer uma visita guiada à fazenda, com aproximadamente 15 mil hectares, onde se produziu, na campanha agrícola anterior, mais de 18 mil toneladas de produtos diversos, entre trigo, milho, feijão, soja, ervilha, tomate, ananás e batata-rena.
A fábrica de transformação de trigo em farinha, também pertencente à fazenda Vinevala, tem uma capacidade para produzir 60 toneladas/dia.
A mesma poderá arrancar, em pleno, em Setembro deste ano, embora já funciona em regime experimental desde final do último trimestre do ano de 2023.
A unidade está colocada nas instalações do Centro Logística e Distribuição (CLOD) da sede municipal do Chinguar.
Ainda este ano, a fazenda Vinevala espera colocar, igualmente, as fábricas de massa alimentar, padaria e de processamento de sementes, para se juntarem à indústria de milho, já a operar nessa região do Bié.
Até Setembro deste ano, a fazenda prevê atingir cinco mil postos de empregos, directos e indirectos, contra os perto de quatro mil actuais, a julgar pelo aumento do investimento para o cultivo do trigo e outros produtos.
Até 2023, o país tinha uma capacidade instalada para produzir trigo de pouco mais de 8 mil toneladas-ano e necessidade real de quase 600 mil toneladas-ano, que poderá ser satisfeita, a partir deste ano, com a implementação do Plano Nacional de Fomento de Produção de Grãos
PLANAGRÃO
Refira-se que, neste quesito, o Executivo tem gizado o Plano Nacional de Fomento para a Produção de Grãos, (PLANAGRÃO), visando a produção de trigo, arroz, soja e milho.
O plano é de âmbito nacional, com maior destaque para as províncias do Moxico, Lundas Norte e Sul, regiões com terras disponíveis e condições climáticas favoráveis para a produção desses cereais.
Para a materialização do PLANAGRÃO serão mobilizados fundos públicos e privados, dos quais, o Estado vai investir durante 5 anos o valor de 1.178 mil milhões de Kwanzas em infraestruturas, que incluem a demarcação de dois milhões de hectares, loteamento e vias de acesso para as zonas de produção.
Adicionalmente, serão aplicados 1.674 mil milhões de Kwanzas na capitalização do Banco de Desenvolvimento de Angola, BDA, e do Fundo Activo de Capital de Risco Angolano, FACRA, para o financiamento do sector privado nacional, que tenha condições de produção, logística e transformação dos grãos, e de garantir toda cadeia de valor.
A banca comercial poderá também mobilizar fundos, através do Aviso 10 do Banco Nacional de Angola, que garante acesso ao crédito com taxas de juros mais actrativas para os promotores de projectos produtivos.
O PLANAGRÃO tem por objectivos gerais “garantir a segurança alimentar do país, gerar rendimento e promover a competitividade” para a médio prazo, transformar Angola no maior produtor de grãos da região Austral de África.
Com este plano o Governo persegue vários objectivos específicos, dos quais se destaca: estimular a produção de cereais; aumentar o número de empresários agrícolas e o emprego; atrair jovens qualificados para a actividade; atrair o investimento directo estrangeiro de grandes empresas internacionais, que possam trazer know how e tecnologia para Angola; e promover o desenvolvimento interno das cadeias de valor, proporcionando assim o crescimento economico inclusivo; sublinhou o Secretário de Estado
O Chefe de Estado conclui esta tarde a jornada de trabalho de dois dias a província do Bié. ALH/PLB/ART