Dallas – (Dos enviados especiais) – O Presidente da República, João Lourenço, afirmou, esta terça-feira, em Dallas (Texas), que África conta muito com a nova parceria dos EUA para o financiamento da construção de infra-estruturas de que necessita para o seu desenvolvimento.
Ao discursar na abertura da 16ª Cimeira Empresarial EUA-África, disse que este evento é uma oportunidade para se fazer uma reflexão sobre as oportunidades de negócios e as perspectivas entre os EUA e o continente africano.
Nesta perspectiva, o estadista realçou a oportunidade da cimeira, que ocorre num momento em que as partes estão plenamente conscientes do seu potencial e têm estado a intensificar o diálogo para o reforço da cooperação bilateral e multilateral.
De acordo com o Presidente, a reunião ocorre num contexto em que os EUA, com o seu desenvolvimento industrial e capacidade de inovação tecnológica, e a África com os seus recursos naturais, população jovem e mercado em expansão, se posicionam como parceiros incontornáveis para enfrentar os grandes desafios da segurança alimentar, energética, defesa do ambiente, do comércio internacional e da economia global.
Lembrou que esta iniciativa surge na sequência da Cimeira dos Líderes Africanos e os EUA, realizada em Dezembro de 2022, em Washington, cujas conclusões abriram perspectivas animadoras para a intensificação da cooperação económica entre EUA e a África, mormente no capítulo da construção de infra-estruturas essenciais para o desenvolvimento económico e social do continente.
Durante o seu discurso, João Lourenço assegurou que as lideranças africanas vêm esforçando-se para alcançar o silenciar das armas no continente, combater o terrorismo, as mudanças inconstitucionais do poder e promover a democracia.
Afirmou que estão igualmente empenhadas na criação de um bom ambiente de negócios, para atrair cada vez mais o investimento privado, para criar riqueza e emprego para a suas populações.
Investimento privado
O Chefe de Estado destacou a importância do investimento privado para a economia dos países africanos, que precisam de aumentar e diversificar a produção de bens de consumo e serviços, transformar as matérias-primas e diversificar os produtos de exportação.
Contudo, reconheceu a importância do investimento público e das parcerias público-privadas em infra-estruturas, para o salto que o continente pretende dar e que “já chega com atraso em comparação com outras regiões do planeta”.
No entender do Presidente João Lourenço, a integração das comunidades económicas regionais e de África, no seu todo, implica haver maior mobilidade, conectividade, facilidade de circulação e partilha de algumas infra-estruturas fundamentais entre os países africanos, para se poder ligar facilmente os países do norte do continente, do Magreb, ao sul da África Austral, ou os países da costa ocidental africana banhada pelo oceano Atlântico, aos países da costa oriental africana banhados pelo oceano Índico.
Para se alcançar este propósito, frisou que é necessário um investimento forte na construção de vias rodoviárias, estradas e auto-estradas transnacionais, de mais caminhos-de-ferro, de mais barragens hidroeléctricas e respectivas linhas de transmissão, mais quilómetros de cabos submarinos e de fibra óptica, o que vai também viabilizar a efectiva implementação do Acordo de Livre Comércio Continental.
“O continente africano conta convosco para aumentar sua capacidade de produção de energia hidroeléctrica a partir de seus abundantes recursos hídricos, a construção de parques fotovoltaicos de produção de energia solar, num continente com abundância de sol que se desperdiça”, expressou.
Comunicação e informação
Durante a sua intervenção, João Lourenço falou também da importância das infra-estruturas de comunicação e informação através de satélites, cabos submarinos, redes de fibra óptica e torres repetidoras para a telefonia móvel e expansão do sinal de internet, enquanto ferramentas vitais para o mais rápido desenvolvimento de África.
“Neste momento em que muito se fala da necessidade da gradual transição energética para se salvar o planeta Terra do efeito de estufa e suas já muito visíveis consequências, gostaríamos de ver o investimento privado directo americano na exploração e transformação, de preferência local, dos minerais críticos abundantes em África, para a produção de baterias para os carros eléctricos, dos painéis solares, dos semicondutores e ships nesta era do crescimento exponencial da inteligência artificial”, convidou João Lourenço.
O Presidente angolano figura entre as entidades governamentais de África convidadas para a cúpula, que vai discutir, durante quatro dias, soluções para impulsionar a cooperação comercial entre norte-americanos e africanos.
Além desta, João Lourenço tem, ainda para esta terça-feira, previstas duas intervenções em Diálogos de Alto Nível sobre Investimento em Infra-estruturas Estratégicas e Crescimento Sustentável e o Futuro Energético de África. elj/ART