Presidente da RDC visita Luanda

     Política           
  • Luanda     Segunda, 16 Novembro De 2020    11h06  

Luanda - O Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, efectua nesta segunda-feira uma visita de trabalho a Angola, a convite do homólogo angolano, João Lourenço.

A visita acontece seis dias depois de o Chefe de Estado angolano ter recebido, terça-feira (10), uma delegação chefiada por André Kambanda, ministro junto da Presidência congolesa.

Na ocasião, André Kambamba, que se fez acompanhar do conselheiro para as questões particulares do Presidente da RDC, Biselele Kayimpagi, do embaixador itinerante da RDC, André Wanesso, e do conselheiro do Presidente Félix Tshisekedi, Gaston Kambwa Kambwe, entregou ao Presidente João Lourenço uma mensagem do seu homólogo.

À saída da audiência, o governante não revelou o teor da mensagem, mas disse à imprensa que a mesma visava reforçar as relações bilaterais.

A última visita de Tshisekedi a Angola ocorreu em Janeiro de 2020, quando se encontrou, em Benguela, com o Presidente João Lourenço.

Depois de tomar posse, a 24 de Janeiro de 2019, na sequência da sua eleição a 30 de Dezembro de 2018, Tshisekedi efectuou a sua primeira visita ao exterior, começando por Angola, onde foi recebido pelo estadista angolano. 

O líder da RDC regressa a Angola numa altura em que aquele Estado atravessa uma crise política profunda, por causa de desentendimentos entre a coligação governamental que dirige o país, formada pelo CACH do Presidente Tshisekedi, e a FCC, dirigida por Joseph Kabila Kabange.

A divergência veio a público a 21 de Outubro, quando, ao conferir posse a três juízes do tribunal constitucional, Tshisekedi notou as ausências da presidente da Assembleia Nacional, Jeanine Mabunda, do presidente do Senado, Alex Tambwe Mwamba, e do Primeiro-ministro, Sylvestre Ilunga Ilunkamba, todos da plataforma política de Kabila, que mantém a maioria nestas três instituições.

Na ocasião, o Chefe do Estado congolês, num discurso de seis minutos, revelou as divergências existentes, e anunciou o início de consultas políticas, visando a criação de uma "União Sagrada para a Nação", actividade que já dura há mais de 20 dias.

Desconhecem-se as consequências que podem advir das consultas em curso, mas, segundo Tshisekedi, no termo das consultas "todos os cenários que estão na mesa são possíveis".

Recorde-se que, por causa do desentendimento reinante, Joseph Kabila Kabange, endereçou mensagens musculadas a alguns Chefes de Estado e chefes de missões diplomáticas acreditados em Kinshasa, prevendo possíveis consequências incalculáveis para o país.

Kabila remeteu, pessoalmente, cartas aos Embaixadores da África do Sul, do Quénia e do Egipto, para os Presidentes dos respectivos países que aponta como os garantes do acordo de coligação governamental FCC-CACH, bem como à representante da MONUSCO na RDC, que deve entregar o correio ao secretário-geral da ONU, António Guterres.

Na mesma senda, orientou o seu antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Léonard She  Okitundu, a remeter as mesmas mensagens aos embaixadores de alguns países membros da SADC, tais como os de Angola, Zimbabwe, Zâmbia, Namíbia e Tanzânia, assim como ao núncio apostólico, em Kinshasa.

Devido à tensão, na quinta-feira (12) o porta-voz das Forças Armadas Congolesas (FARDC) pediu aos políticos para não influenciarem os militares.

A advertência do oficial-general congolês surge depois da polémica suscitada na véspera, pelo secretário-geral da UDPS, Augustin Kabuya, partido de Tshisekedi, que acusou o ministro das Finança e membro da plataforma político de Kabila, de não estar a pagar os salários dos militares e da Polícia, com o intuito de provocar a sua revolta contra o Presidente Tshisekedi.

Relações bilaterais

Entretanto, Angola e a RDC têm relações políticas e bilaterais de longa data, apesar de um período de distanciamento na era da Guerra Fria.

Até há 23 anos, estas relações eram um protótipo de um relacionamento característico dos países africanos durante a Guerra Fria que vigorou no Mundo, entre 1948 e Novembro de 1989, ano da queda do muro de Berlim.

No contexto da guerra fria, ambos os países vizinhos, em nome do socialismo científico ou do liberalismo, opuseram-se uns aos outros.

Naquela época, a África negra, com destaque para Angola e Zaíre, tornou-se no prolongamento de Moscovo e de Washington, divididos em dois campos, de acordo com as fontes da ajuda militar e económica que um deles recebia.

Foi neste quadro que se deu a visita do primeiro Presidente angolano, António Agostinho Neto, ao ex-Zaíre, em 1978, que resultou no acordo que estabeleceu as relações diplomáticas bilaterais.

Apesar dos altos e baixos, as relações entre Angola e a RDC são boas nos últimos 23 anos.

Com a chegada ao poder de Laurent Désiré Kabila, em 1977, as relações melhoraram significativamente, com Angola a ajudar militarmente o país para preservar os regimes de Kabila, pai e filho, contra as propensões hegemónicas de alguns países vizinhos.

A eleição de Félix Antoine Tshisekedi veio melhora-las ainda mais, quando o mesmo, depois da sua eleição, escolheu Angola como o primeiro país a visitar, como Chefe de Estado.

Depois da criação da Comissão mista bilateral, acordos de cooperação foram assinados nos diversos domínios.

Em Setembro último, os dois países que partilham uma fronteira de 2.500 quilómetros comum, assinaram um acordo de cooperação no domínio da Defesa.

Acredita-se que esta nova visita de Tshisekedi reforce cada vez mais a aproximação dos dois países que, além de vizinhos, têm relações de consanguinidade.





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