Rio de Janeiro (do enviado especial) – O ministro angolano das Relações Exteriores, Téte António, afirmou esta terça-feira, que a presidência de Angola na União Africana (2025) vai acompanhar, de perto, o mandato da África do Sul à frente do G20.
O governante falava à imprensa após o encerramento da Cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro (Brasil), de 18 a 19 de Novembro, em que Angola participou com uma delegação liderada pelo Chefe de Estado, João Lourenço, a convite do Brasil.
Téte António disse que enquanto Presidente da União Africana (UA) o Chefe de Estado angolano vai falar em nome da organização dentro da tradição e do princípio da posição comum da UA.
Trata-se de uma prática originada e implementada na reunião sobre desenvolvimento sustentável Rio+20, na cidade do Rio de Janeiro, também utilizada ao negociar-se os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em várias temáticas.
“É este estilo que deve prevalecer no G20. Só assim é que nós poderemos reflectir os interesses daqueles que representamos”, sublinhou o chefe da diplomacia angolana.
Quanto à participação do país, como convidado, na Cimeira do G20, fez saber que o primeiro objectivo alcançado foi fazer passar a mensagem sobre as perspectivas, e, sobretudo, o que o país está a fazer em termos dos temas dominantes da Cúpula (combate à fome e à pobreza, transição energética e Reforma das Instituições de Governação Global).
A segunda meta foi atingida, no aspecto bilateral, com o próprio país anfitrião, ligado por factores históricos a Angola, no sentido de continuar a aprofundar a relação, afirmou, acrescentando que a reunião entre os dois estadistas atingiu este objectivo.
Segundo o ministro, existem já condições de se avançar para outros passos concretos, tendo em conta os imperativos do Brasil em termos de desenvolvimento e os interesses de Angola. Uma das áreas focalizadas é a da agricultura.
Nesta perspectiva, anunciou a deslocação a Angola do ministro da Agricultura do Brasil com empresários ligados ao agronegócio.
Relativamente à presidência do Brasil no G20 considerou excelente, com inúmeras reuniões sectoriais de vária índole em cerca de 15 cidades brasileiras, abrindo o país ao mundo
Para Téte António foi uma Cimeira com “cara muito humana” atendendo ao pendor social, nomeadamente o lançamento da Aliança Mundial contra a Fome; Transição Energética; Reforma das Instituições de Governação Global.
Quanto à segurança alimentar disse terem sobressaído duas escolas de pensamento, uma que defende a abertura do mercado para a resolução do problema da fome e da pobreza e outra que acha que, por si só, o mercado não pode fazer face aos grandes desafios de hoje da pobreza extrema e da fome no mundo.
Significa que os Estados têm um dever de protecção dessas camadas sociais, havendo a necessidade de uma conjugação de esforços para se chegar aos objectivos, declarou.
No que diz respeito às Reforma das Instituições Internacionais foi recordado no evento o que esteve na base do fim da Sociedade das Nações, mãe das Nações Unidas, referiu, considerando que as causas são exactamente as mesmas e estão a repetir-se.
Julgou-se necessário fazer-se que Nações Unidas não se tornem caducas e que devem jogar um papel, permitindo que esse sistema multilateral faça face à “falta de acção perante conflitos tão atrozes como o caso da Palestina”.
De acordo com o ministro, também foi muito sublinhado o tema do empoderamento da mulher, assistindo-se uma transição muito produtiva da África do Sul que vai assumir a presidência do G20 e que acompanhou de perto o mandato do Brasil.
Adiantou que a Africa do Sul já determinou que o foco da sua presidência vai situar-se na inclusividade económica, abrangendo questões ambientais.
Outro foco é a segurança alimentar, no fundo, uma continuidade do programa da presidência do Brasil, mas também gostaria de colocar um acento na Inteligência Artificial, disse o ministro que considerou um grande desafio suceder o Brasil que “fez uma presidência de muita agilidade”. ADR/VIC