Mascate (Dos enviados especiais) - O Presidente da República, João Lourenço, visita esta sexta-feira o Museu Nacional de Omã, no segundo e último dia da sua visita de Estado a este país do Médio Oriente.
O Museu Nacional é a principal instituição cultural de Omã, exibindo a herança cultural do sultanato desde as primeiras evidências de ocupação humana na Península de Omã até aos dias actuais.
Como uma instituição nacional com alcance global, o Museu garante que a herança cultural de Omã seja reconhecida e apreciada não apenas dentro do sultanato, mas também internacionalmente.
O Museu está localizado num edifício projectado para o efeito no coração de Mascate.
A área total do edifício é de 13.700 m², incluindo 4.000 para 14 galerias permanentes, cada uma cobrindo um aspecto diferente da herança cultural de Omã.
Outros 400 m² são alocados para exposições temporárias.
O museu abriga mais de 7.000 objectos e oferece 33 experiências digitais imersivas, instalações de conservação de última geração, um cinema UHD e áreas de descoberta para crianças.
Possui uma infra-estrutura integrada para necessidades especiais e é o primeiro museu no Oriente Médio a adoptar a escrita árabe em Braille para deficientes visuais.
Também abriga o primeiro conceito de armazenamento de museu de plano aberto da região, onde os visitantes podem aprender sobre os vários processos pelos quais os artefatos passam antes de serem colocados em exposição.
Primeiro dia
Quinta-feira, primeiro dia da visita do Presidente João Lourenço, ficou marcado pela recepção oficial oferecida pelo sultão Haitian Bin Tarik Al Said, seguida de um encontro privado e assinatura de quatro instrumentos jurídicos entre os dois governos, para o reforço da cooperação.
O jantar oficial oferecido pelo sultão de Omã, Haitian Bin Tarik Al Said, em honra à visita de Estado do Presidente da República, João Lourenço, encerrou a primeira jornada de trabalho do estadista angolano em terras omanenses.
O momento foi marcado pela troca de presentes que celebra a amizade entre os dois povos, alicerçada nesta deslocação do Presidente da República.
João Lourenço recebeu de Haitian Bim Tarik Al Said uma espada, um símbolo tradicional de Omã.
Em retribuição, o Chefe de Estado ofereceu uma obra de arte, que valoriza a cultura angolana.
Haitham Bin Tarik e João Lourenço destacaram o modo como a cooperação entre Omã e Angola se está a desenvolver, com acções efectivas e de grande impacto a concretizarem-se sem demoras nem entraves.
Sublinharam, entre outros exemplos, a entrada de Omã no exercício da produção de diamantes em Angola (Catoca e Luele) e a autorização, pelas autoridades angolanas, da abertura em Angola de um banco do sultanato, com a finalidade de tornar fluídos os negócios entre os dois países.
Os dois países rubricaram quatro instrumentos jurídicos para o reforço da cooperação.
Trata-se do memorando de entendimento entre o Ministério das Finanças de Angola e o Banco de Investimento de Omã que estabelece o quadro de cooperação estratégica para fortalecer os laços económicos e financeiros entre os dois países.
Rubricaram o Acordo para Aquisição de Participações nas minas diamantiferas de Catoca e Luele em Angola e o Acordo de Parceria entre a empresa angolana Endiama e Maden Investment Group.
Juntam-se aos resultados que esta missão ao Médio Oriente produziu a assinatura do memorando de entendimento para a Exploração de Oportunidades de Cooperação nos sectores Energéticos entre o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola e o Massadr Energy Group.
Com o Grupo Maden Investment, concluiu-se o trabalho para sua entrada na prospeção, exploração e comercialização dos diamantes nos projectos Luele e Catoca, na Lunda-Sul.
A companhia omanense substitui a empresa russa Alrosa, com a qual Angola pôs fim ao contrato, recentemente, devido às sanções impostas à empresa como consequência do conflito Russo-ucraniano.
Em declarações à imprensa no decurso das conversações entre as duas nações, inseridas na agenda da visita de Estado do Presidente João Lourenço, a Omã, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino de Azevedo, referiu que “em breve teremos então, efectivamente, um novo parceiro nessas duas sociedades em funcionamento.
O ministro adiantou que Angola quer também melhorar a qualidade da gestão destes projectos, de modo a atingir outros patamares no sector dos diamantes.
Em relação aos petróleos, o ministro Diamantino de Azevedo frisou que, ainda hoje, Angola e o Omã assinam um memorando de entendimento, a partir do qual vão trabalhar para determinar possíveis oportunidades de negócios nos vários segmentos desta indústria, desde a prospeção do petróleo, produção, armazenamento, refinação até à comercialização.
Informou que as partes estão a conversar sobre oportunidades em relação a outros recursos minerais que Angola e o Omã possuem.
Sobre os projectos
O projecto diamantífero de Luele, inaugurado em 2023, na província da Lunda-Sul, apresenta-se como um exemplo da grandeza do investimento angolano no sector dos diamantes.
Concebido como resultado das pesquisas geológicas efectuadas pela Sociedade Mineira de Catoca, com objectivo de aumentar a base de recursos minerais do país, a mina de Luele estima fornecer, nos próximos três anos, uma produção anual de diamantes de 8.6 milhões de quilates..
Dados apontam para um crescimento considerável da produção do sector diamantífero, durante o triénio 2024/2026, devendo os números da produção, em 2024, fixar-se nos 5.4 milhões de quilates, com perspectivas futuras de crescimento nos anos subsequentes.
Com a significativa produção, Angola deverá assumir um reposicionamento no Ranking da Produção Mundial de Diamantes.
Para a concretização do projecto diamantífero de Luale, foi necessário um investimento na ordem dos 637.5 milhões de dólares. 65 por cento deste valor foi aplicado na mineração, 25 por cento na central de tratamento, equipamentos tecnológicos, e outros dez por cento nas infra-estruturas conexas.
Para os trabalhos de geologia, que começaram antes da execução da fase de extracção, foram injectados 59 milhões de dólares.
O projecto de extracção e produção de diamantes totaliza um esforço financeiro estimado em 843 milhões com despesa global para o triénio 2024/2026, prevendo-se alcançar receitas brutas na ordem de 1.9 biliões de dólares no mesmo período.
O Projecto Catoca iniciou a actividade da exploração mineira, a 11 de Fevereiro de 1997, com uma Central de Tratamento.
Hoje, com entrada em funcionamento do terceiro mouillon da Central de tratamento dois, a Sociedade Miniera de Catoca produz cerca de Oito milhões de quilates por ano, numa extração em média de 10 milhões de toneladas de minério e 11 milhões de metros cúbicos de estéril, movimentando perto de 18 milhões de metros cúbicos de massa mineira.
Cooperação bilateral
Em Maio do corrente ano, no quadro do reforço da cooperação bilateral, os dois Estados rubricaram, em Luanda, três acordos de cooperação nos domínios financeiro, agrícola e da indústria transformadora, que sinalaram o arranque da cooperação.
Foi a primeira visita de uma delegação oficial do sultanato de Omã a Angola, gerando expectativas quanto ao estreitamento das relações de amizade e cooperação entre os dois Estados nos domínios assinados e em outros campos de interesse mútuo.ART/IZ