Luanda - O Presidente da República, João Lourenço, recebeu, esta quarta-feira, uma missiva do seu homólogo do Djibouti, Ismail Guelleh, na qual expressa o desejo do reforço da cooperação bilateral e multilateral.
Foi portador da carta Mahmoud Ali Youssou, ministro dos Negócios Estrangeiros do Djibouti, recebido em audiência pelo estadista angolano.
Abordado pela imprensa para mais detalhes sobre o conteúdo da missiva, o ministro disse que a mesma versa sobre a necessidade de as partes incrementarem a cooperação ao mais alto nível.
Afirmou que o seu país tem experiências no âmbito logístico, tal como na criação de corredores e Angola também está a desenvolver internamente corredores, factores fundamentais para os dois países, bem como para dinamizar as potencialidades africanas.
Lembrou que as partes têm já três instrumentos assinados, como o acordo quadro de cooperação, que abarca quase todas as áreas de interesse comum, de isenção de vistos em passaportes diplomáticos e no âmbito das energias renováveis, sobretudo, quanto ao transporte deste bem para fazer chegar ao último consumidor.
Segundo Mahmoud Ali Youssou, actualmente interessa para o seu país extender a cooperação no âmbito da logística, porque sabe-se que Angola tem o Corredor do Lobito, e Djibouti tem experiência neste domínio, já que possui um corredor que atravessa a Etiópia e Sudão do Sul.
"Um dos pontos mais importantes que deve fazer parte da nossa cooperação é a transformação dos nossos recursos. Devemos trabalhar para que os recursos que extraímos no nosso solo sejam transformados internamente, porque vai dar um valor acrescido e vai fazer com que tenhamos mão de obra interna e permaneçam localmente antes de serem exportados", apontou o diplomata.
União Africana
Por outro lado, referiu que o Presidente Ismail Guelleh solicita ao Chefe de Estado angolano apoio para a candidatura do Djibouti, na pessoa do ministro dos Negócios Estrangeiros, Mahmoud Ali Youssou, para concorrer à
presidência da Comissão da União Africana.
Disse que a ideia é criar sinergias já que Angola assume no próximo ano a presidência rotativa da organização e, neste quesito, a experiência de ambos será importante para a criação de mecanismos tendentes ao desenvolvimento de infra-estruturas que possam ajudar África a crescer.
Por outro lado, expressou que, na qualidade de Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação, o Presidente João Lourenço poderá contar com a inteira disposição de Djibouti, caso seja eleito presidente da Comissão da União Africana.
Reconheceu que João Lourenço já deu mostras da sua capacidade e trabalhou bastante para a questão da paz na República Centro-Africana, onde obteve resultados muito positivos, razão pela qual estará aberto para poder ajudar na sua agenda, cujos pontos fortes são a questão da justiça para os afrodescendentes e a paz e segurança.
“É uma sinergia que vamos utilizar. Eu no meu papel serei praticamente como o seu braço de execução daquilo que serão os projectos engendrados por ele, quando estiver a dirigir a nossa organização continental”, asseverou
As relações de amizade e cooperação entre a Angola e a República do Djibouti têm-se fortalecido, especialmente após a assinatura de três instrumentos jurídicos de cooperação, ocorrida em Fevereiro do presente ano, à margem da 43ª Sessão Ordinária do Conselho Executivo da União Africana.
Estas relações são consideradas excelentes e cada vez mais cooperativas nos mais variados domínios de interesse comum.
O Djibouti, localizado no Corno de África, é um país onde se fala predominantemente francês e árabe.
A paisagem é caracterizada por matagais, formações vulcânicas e pelas praias do Golfo de Áden.
O país abriga um dos corpos de água mais salgados do mundo, o lago Assal, abaixo do nível do mar, no Deserto de Danakil.
Há assentamentos dos nómades afares ao longo do lago salgado Abbe, que apresenta formações minerais parecidas com chaminés.ART