Dubai (Do enviado especial)- O Presidente da República, João Lourenço, realçou este sábado, no Dubai, Emirados Árabes Unidos, a aposta de Angola nas energias renováveis, que representa um dos principais pilares da adaptação às alterações climáticas, constituindo um passo decisivo no processo de transição energética.
Segundo o Chefe de Estado, que falava na Cúpula Mundial de Acção Climática da COP 28, Angola encara com muita firmeza e empenho todas as questões relativas às mudanças climáticas, o que está reflectido na Estratégia Nacional para as Alterações Climáticas 2022 – 2035, onde constam iniciativas e visões alinhadas com a Agenda 2063 da União Africana e com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
“Fazem parte das prioridades centrais em todos os programas e estratégias de desenvolvimento sustentável que delineamos na República de Angola, a questão das alterações climáticas, as quais consideramos uma preocupação crítica, merecendo por isto uma atenção especial, sempre com a finalidade de reforçarmos a nossa resiliência face aos efeitos dessas mudanças, que já têm atingido de forma muito séria o povo angolano na sua vida quotidiana, pelo risco de destruição dos ecossistemas de diferentes espécies em algumas regiões do nosso país”, disse.
João Lourenço destacou a relevância especial do evento e afirmou que o país está decidido a alterar a matriz energética nacional, privilegiando as fontes de produção de energias limpas com a construção de aproveitamentos hidroeléctricos e de parques fotovoltaicos, que fazem com que mais de 65% dos actuais 6.400 MW da energia produzida no país sejam já de fontes ecologicamente recomendadas por serem amigas do Ambiente.
Referiu-se ao programa em curso de extensão da rede nacional de transporte de energia das principais fontes de produção localizados na bacia do baixo Kwanza para as províncias do leste e do sul do país.
O Presidente da República disse ser ambição para os próximos quatro anos descontinuar a utilização das centrais térmicas que ainda alimentam algumas parcelas do território nacional, o que vai representar não só uma grande poupança financeira, como um grande benefício ambiental com a redução significativa da queima de combustíveis fósseis na geração de energia eléctrica.
Salientou que Angola está a construir e a ampliar antigas barragens hidroeléctricas, que têm proporcionado ao país um aumento significativo da sua capacidade de produção de energia eléctrica e gerado um excedente que pode atender as necessidades dos países da SADC, sobretudo com a conclusão do aproveitamento hidroeléctrico de Caculo Cabaça e o início das obras do projecto binacional da barragem hidroeléctrica de Baynes sobre o rio Cunene, para Angola e a Namíbia.
No contexto dos esforços que temos empreendido para aumentar de forma expressiva a nossa capacidade de produção de energias renováveis, sublinhou, tem-se estado a dedicar uma atenção muito especial à implementação de projectos fotovoltaicos em algumas zonas do país, decorrendo deste facto uma enorme redução do consumo anual de diesel e, por consequência, uma contribuição para a mitigação dos efeitos da poluição e para a satisfação das necessidades em termos de energia eléctrica das populações dessas localidades.
João Lourenço realçou que, ainda neste domínio, Angola tem um projecto de produção de hidrogénio verde e os seus derivados, a iniciar no próximo ano, enquanto trabalha-se em projectos para a redução das emissões de dióxido de carbono e do gás metano na indústria petrolífera como “nossa contribuição na luta contra o aumento da temperatura global, que tem afectado o nosso planeta de uma forma crescente”.
Frisou que, no quadro das amplas medidas que o Governo angolano vem tomando no sentido de aperfeiçoar todos os mecanismos ao seu alcance, com o propósito de desempenhar um papel importante no contexto dos esforços globais para a preservação do Ambiente, inscreve-se na Estratégia Espacial Nacional de Angola a iniciativa que consiste na observação da Terra por via do satélite que está a ser negociado com o consórcio europeu AIRBUS, para a detecção e o mapeamento de derrames de petróleo no mar.
De igual modo, o fornecimento de dados sobre a desflorestação e áreas de exploração ilegal de madeira, o seguimento de manadas da vida selvagem nos principais parques nacionais e reservas ambientais, o monitoramento do cumprimento das normas ambientais na actividade mineira, incluindo ainda uma solução tecnológica destinada a dar suporte à monitorização do cumprimento dos indicadores dos 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.
Salientou que Angola submeteu à Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas em 2015 a sua primeira contribuição nacional para a redução das emissões de gases de efeito estufa, mantendo com a mesma determinação o objectivo de alcançar a redução das emissões de gases em 35% até 2030, se conseguirmos assegurar os necessários financiamentos.
O Presidente da República considerou importante que se defina nesta COP28 um roteiro em que fiquem estabelecidas as etapas a percorrer, de modo que sejam honrados os compromissos assumidos na COP de Glasgow, em que ficou definido o objectivo de se duplicar o financiamento às medidas de adaptação até ao ano de 2025.
“À margem desta Cimeira do clima, Angola vai aderir às iniciativas das Nações Unidas e de outras organizações internacionais especializadas sobre a descarbonização da indústria do petróleo e do gás e sobre a necessidade da medição e redução das emissões de gases poluentes como o dióxido de carbono e o gás metano, com metas ambiciosas no quadro da batalha que a Humanidade trava contra as alterações climáticas”, afirmou o Chefe de Estado.VC