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PR nega alegações sobre perseguição política no combate à corrupção

     Política              
  • Luanda • Sexta, 02 Junho de 2023 | 16h31
Presidente da República, João Lourenço
Presidente da República, João Lourenço
Pedro Parente-ANGOP

Luanda - O Presidente da República, João Lourenço, negou as alegações sobre perseguição política, no quadro do combate à corrupção em curso no país, desde Setembro de 2017.

Em entrevista exclusiva ao Jornal Expresso e à Agência Lusa, o Chefe de Estado angolano afirmou que há muitos cidadãos a braços com a justiça, reconhecendo que, apesar dos esforços, o problema da corrupção levará tempo a desaparecer.

"Não se pode esperar que em cinco anos se acabe com a corrupção, nem sei mesmo se algum país acabou, na verdadeira acepção da palavra, com a corrupção”, disse, salientando que o problema "não é haver corrupção, é haver impunidade".

O Titular do Poder Executivo considerou que Isabel dos Santos é "apenas uma" entre vários cidadãos a contas com a justiça e não é sua rival política.

"Eu não a vejo como minha rival política. Perseguição política? Persegue-se um opositor e os opositores do MPLA são conhecidos", afirmou o Presidente João Lourenço.

Quanto ao processo relativo ao ex-Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, o Chefe de Estado disse que se tratou de um caso de soberania e que não foi Angola que provocou o que ficou conhecido como "irritante" entre os dois países.

Manuel Vicente foi acusado em Portugal de crime de corrupção activa a um magistrado do Ministério Público, Orlando Figueira, mas a defesa recorreu, alegando que o ex-Vice-Presidente não foi constituído arguido nem notificado da acusação.

Ainda em Portugal, o Ministério Público acusou Manuel Vicente de crimes de corrupção activa, branqueamento de capitais e falsificação de documento no âmbito da Operação Fizz.

Em Maio de 2018, o Tribunal da Relação de Lisboa decidiu enviar o processo de Manuel Vicente para Angola e admitiu que o ex-Vice-Presidente da República gozava de imunidade, por isso não podia ter sido constituído arguido nem acusado.

Sublinhou que foram as autoridades judiciais portuguesas que entenderam levar à barra dos tribunais um governante daquela craveira.

Não estou a imaginar Angola, prosseguiu o Presidente da República, a ter a ousadia, por exemplo, de levar a tribunal um José Sócrates se, eventualmente, ele tivesse cometido algum crime em Angola.

“Felizmente, o desfecho foi bom (...) se tivesse demorado mais tempo talvez tivesse deixado mazelas, mas devo garantir que não deixou nenhuma", notou o Chefe de Estado.

Sobre o relacionamento com Álvaro Sobrinho, empresário luso-angolano e antigo director do Banco Espírito Santo em Lisboa e do banco BESA, disse que precisa ter motivos para deixar de ter relações com as pessoas.

"Ele não foi julgado, não foi condenado, se ele aparecer aqui não vou virar-lhe as costas com certeza, até prova em contrário é um cidadão livre", referiu.

Na entrevista, João Lourenço afirmou que "na Europa não é normal pedirem-se contas aos chefes de Estado sobre casos de corrupção, ninguém pergunta ao Presidente Marcelo sobre o caso José Sócrates”.

No entanto, adiantou o Titular do Poder Executivo, às vezes entende-se que em África é diferente, particularmente, em Angola", o que considerou injusto. "Não é justo este tipo de tratamento diferenciado". AL/ADR





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