Dundo – O Presidente da República, João Lourenço, inteirou-se, esta quinta-feira, do grau de execução física e financeira das obras de ampliação da barragem hidroeléctrica do Luachimo, um dos maiores projectos energéticos do Leste do país.
Avaliadas em mais de 212 milhões de dólares, por via de uma linha de crédito da China, as obras em curso desde 2018 vão elevar de 8,4 para 34 megawatts (MW) a capacidade energética fornecida pela infra-estrutura, tornando a província da Lunda Norte a mais iluminada da região Leste do país.
Em declarações à ANGOP, à margem da visita, o director da obra, Joaquim Costa, informou que o projecto apresenta uma execução física na ordem dos 72 por cento, com previsão de ensaios de duas das quatro turbinas ainda este ano.
“A tomada de água está com uma execução física acima dos 75 por cento, as obras civis 90%, a câmara de carga 80%, a central eléctrica 70%, a restituição em torno dos 80%, a subestação, com obras civis e instalação dos equipamentos, na ordem dos 95% e a montagem dos equipamentos mecânicos em torno dos 60%”, referiu.
De acordo com o responsável, devido ao incumprimento financeiro por parte do financiador do projecto, o Banco Chinês Industrial And Comercial Bank Of China, que já financiou mais de 80 por cento, regista-se desde o segundo semestre de 2020 uma queda no ritmo das obras, o que obrigou a reestruturação do cronograma da execução, que previa a sua conclusão este ano.
Explicou que até, ao primeiro semestre de 2020, o projecto previa uma execução média normal em torno de 2.7 por cento de obra/mês, estando, neste momento, cifrada a volta de 0,4%, prevendo-se, por isso, a conclusão da mesma apenas em 2022.
Por outro lado, disse que a barragem vai gerar uma potência (34 megawatts) superior a necessidade local, ou seja, deverá restar cerca de 50 por cento da energia produzida como reserva.
A entrada em funcionamento desse projecto energético, que contará com uma central composta por quatro grupos geradores de 8.5 megawatts cada, num total de 34, vai permitir a expansão de energia em benefício de 186 mil residentes na cidade do Dundo e nos municípios de Cambulo e Lucapa, incluindo as localidades de Fucauma, Cassanguidi, Luxilo e Calonda.
Para além das ligações domiciliares, que na primeira fase vão beneficiar mais de nove mil famílias, o projecto prevê cerca de 30 ligações industriais.
Em termos de mão-de-obra, o projecto emprega mais de 200 funcionários, entre nacionais (85%) e estrangeiros (15%).
Características da barragem do Luachimo
A barragem, construída em 1957 pela então Companhia de Diamantes de Angola (Diamang), vai ser transformada numa infra-estrutura moderna e tecnologicamente adequada aos padrões internacionais.
A infra-estrutura terá um edifício de 300 metros de comprimento e 18,6 de altura, uma albufeira com um volume de 2.500 metros cúbicos e uma estrutura de betão compactado a cilindro.
Possui um descarregador de fundo, um canal de adução de água para a central principal, câmara de cargas, descarregador de superfície e uma tomada para central ecológica.
O canal possui o comprimento total de aproximadamente 649 metros e a central uma área de 2.280 metros quadrados.
A central principal, que receberá água a partir de uma queda útil de 16 metros de altura, possui quatro grupos geradores, com 8.5 megawatts cada, e quatro turbinas do tipo Klapn S 230 Rpm, com 96 toneladas de peso total.
O sector energético na Lunda Norte
Actualmente, 17 mil e 950 clientes, dos quais 13.250 no sistema pós-pago e 4.700 pré-pago, beneficiam de energia eléctrica da rede pública no município de Chitato, através de uma central térmica com 30 megawatts, enquanto os nove municípios do interior são abastecidos com grupos geradores, o que resulta em benefício para cerca de dez mil famílias.
A Lunda Norte, com quase um milhão de habitantes, resulta da divisão da antiga província da Lunda, a 4 de Julho de 1978. Está localizada no nordeste do país e é constituída pelos municípios de Chitato (capital política e económica), Cambulo, Caungula, Cuilo, Cuango, Capenda Camulemba, Lucapa, Lubalo, Lóvua e Xá-Muteba.