Ondjiva – A inauguração do Sistema de Transferência de Água do Rio Cunene, na localidade de Cafu, e a entrega de diversos meios agrícolas à população, marcaram, esta segunda-feira, o segundo dia de trabalho do Presidente da República, João Lourenço, à província do Cunene.
No âmbito desta missão de três dias, o Chefe de Estado angolano inaugurou aquele projecto que conta com um canal a céu aberto, construído numa extensão de cerca de 160 km, para beneficiar 235 mil pessoas dos municípios de Ombadja, Cuanhama e Namacunde.
Trata-se do primeiro de um lote de cinco projectos do Governo angolano, criados no quadro do programa de acções estruturantes de combate à seca no Cunene.
Avaliado em 44 mil milhões, 358 milhões e 360 mil 651 kwanzas, vai permitir ainda o abeberamento de 250 mil animais e a irrigação de cinco mil hectares de campos agrícolas.
Aquela estação conta com estruturas metálicas da câmara de aspiração e zona de tomada de água, edifício da subestação eléctrica, com três grupos geradores de 1 megawats, reservatório unidimensional, além de painéis solares capazes de gerar 1.5 megawatts de energia.
Ao dirigir-se aos jornalistas, depois da inauguração, João Lourenço reafirmou que o Executivo vai continuar a implementar programas estruturantes para reduzir o impacto da seca nas províncias do Cunene, Namibe e da Huíla, Sul de Angola.
Segundo o Chefe de Estado, a meta é assegurar o desenvolvimento equilibrado do país e reduzir as assimetrias regionais, sublinhando que, no caso específico do Cunene, existem projectos em curso nos domínios da energia e água, bem como está em construção uma centralidade e um projecto de 200 casas, que vão ajudar a mudar a vida das populações.
Quanto à inauguração do projecto do Cafu, o Presidente angolano considerou que representa “uma vitória sobre o sofrimento das populações” e o início de um amplo programa para beneficiar as populações vítimas da seca nas províncias do Cunene, Namibe e da Huila.
Segundo João Lourenço, o sistema implantado em Ombadja vai abranger vários municípios, priorizando os mais populosos e afectados pela seca na província do Cunene.
Ainda esta segunda-feira, o Presidente da República entregou, na localidade de Lyepombo, Cunene, vários equipamentos agrícolas, no âmbito do programa de incentivo e desenvolvimento da actividade agrícola ao longo do perímetro do canal do Cafu.
Em concreto, constam dos meios entregues àquelas comunidades 16 tractores, com as respectivas alfaias, moto cisternas, equipamento de rega, moagens, adubos, sementes, entre outros, que vão servir de apoio às famílias constituídas em cooperativas.
Agricultura diversificada
No entender de João Lourenço, além de criar gado, é preciso que a população pratique a agricultura diversificada, para garantir alimentação de qualidade, principalmente às crianças.
Considerou necessário criar condições para as populações tornarem-se auto-sustentáveis em produção alimentar, invés de esperarem por ajuda alimentar, salvo em caso excepcional.
Anunciou que o Governo e as associações da sociedade civil vão assegurar a criação de cooperativas e a instrução no manuseio de equipamentos, como tractores, moto-cultivadoras e alfaias, a fim de tirarem deles o máximo proveito e garantirem a abundância alimentar.
O Presidente da República explicou à população que a prioridade no fornecimento de água recai para as zonas mais populosas e com mais gado, visando diminuir o sofrimento das populações do Cunene, considerando o projecto do Cafu um ganho.
Exortou, por outro lado, as populações do Cunene a protegerem o património do Estado.
Entretanto, além da entrega dos equipamentos, João Lourenço entregou também, de forma simbólica, os três primeiros títulos de propriedade de terras aos camponeses do perímetro do Cafu, processo que prevê abranger duas mil famílias residentes ao longo do canal.
Do processo de cadastramento em curso, foram já identificadas 598 desses terrenos e os títulos podem ser atribuídos num prazo inferior a 60 dias.