Addis Abeba (Dos enviados especiais) - O Presidente da República, João Lourenço, disse hoje, no discurso de assumpção da liderança de Angola na União Africana, que pretende lançar um vasto plano de atração de investimentos e de captação de recursos financeiros significativos junto dos grandes parceiros internacionais.
No seu primeiro discurso na presidência rotativa da organização, sublinhou que o objectivo é a concretização dos projectos ligados à construção de infra-estruturas.
Segundo João Lourenço, nesta primeira presidência de Angola na UA, o país vai olhar com atenção para os principais problemas de África e colocar ao serviço da organização a sua experiência, na busca de soluções para as questões relativas à paz e segurança e cuidar da implementação, pelos estados-membros, das políticas económicas e sociais que promovam o progresso e o desenvolvimento do continente.
Para o Presidente João Lourenço, a operacionalização de um modo prático da questão relativa à justiça para os africanos e os afro descendentes por meio de reparações, que constitui o lema escolhido para este ano e, também, o que Angola elegeu para a sua presidência, está centrado na importância do investimento em infra-estruturas como factor de desenvolvimento de África.
Na visão do Estadista, a conjugação destes dois aspectos pode levar os estados-membro a construir um canal de comunicação e de diálogo com os parceiros internacionais, que os faça compreender a importância e vantagem de cooperar com uma África desenvolvida, industrializada, com capacidade para superar a fome, a pobreza, a miséria e o desemprego, reduzindo assim a probabilidade de conflitos armados e de imigrantes ilegais junto às suas fronteiras.
Frisou, porém, que haverá a oportunidade de abordar estas questões na 4ª Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento, a ter lugar em Sevilha, Espanha, de 30 de Junho a 4 de Julho deste ano, por constituir uma oportunidade histórica para se redefinir as regras de financiamento global, baseadas na justiça económica e na inclusão.
Tendo em conta os compromissos assumidos em conferências anteriores, mas nem sempre cumpridos, designadamente o Consenso de Monterrey, a Declaração do Doha e a Agenda de Acçao de Addis Abeba, João Lourenço entende que a Conferência de Sevilha visa responder aos desafios persistentes que se verificam no financiamento para o desenvolvimento e favorecer a adpção de soluções inovadoras e eficazes.
“Temas como a justiça fiscal, o alívio da dívida, o financiamento climático, as reformas nas instituições financeiras globais e a inclusão social devem merecer a nossa atenção para que seja adoptada uma posição comum, que garanta ao continente o reforço da sua influência na informação financeira global, uma redução dos custos do endividamento e o acesso aos recursos necessários para alcançar um desenvolvimento sustentável”, manifestou.
Segundo o novo Presidente da União Africana, a concretização destes objectivos criará sinergias que vão dinamizar e ampliar as trocas comerciais, o intercâmbio cultural, técnico, tecnológico, científico e noutras áreas que poderão produzir vantagens significativas para todas as partes.
Apontou a construção, em cada um dos estados, de infra-estruturas como as vias rodoviárias e ferroviárias, portos e aeroportos, centrais de produção de energia elétrica, as respectivas linhas de transportação e distribuição, como um caminho aberto para a industrialização do continente e a melhoria das condições de vida das populações.
Neste sentido, destacou o contributo que Angola poderá prestar ao desenvolvimento de África, colocando ao dispor o excedente energético que tem para a mitigação das necessidades de vários países.
Realçou, igualmente, a importância do Corredor do Lobito, pela relevância e importância estratégica que assume no quadro da transportação de produtos diversos e também no de comércio intra-africano e no de África com o resto do mundo, e dos Caminhos-de-Ferro Tanzanianos.
Apoio
Disse contar com o apoio de todos os estados-membros, de modo a que Angola possa levar por diante uma Presidência que vá ao encontro das expectativas dos cidadãos do continente e ajude a acrescentar mais um passo no caminho para se alcançar o objectivo do desenvolvimento socio-económico dos países e a concretização da Agenda 2063, “no quadro de todas as ações e esforços que empreendemos para construir a África que queremos”.
Agradeceu a cada Estado-Membro da União Africana, especialmente aos da África Austral, região onde Angola está inserida, pela confiança depositada para presidir a União Africana neste ano de 2025, numa altura em que o continente se depara com imensos problemas ligados à paz e segurança, que constituem um factor de bloqueio a todas as iniciativas e acções que procura levar a cabo em benefício do seu desenvolvimento.
“Tem para nós um significado muito especial o facto de assumirmos a presidência pro tempore da União Africana neste ano de 2025, em que Angola comemora 50 anos da sua independência nacional”, afirmou.SR/ART