Luanda – O Chefe de Estado, João Lourenço, afirmou esta terça-feira, em Luanda, que Angola nunca vai solicitar uma indemnização a Portugal, como reparação dos crimes da era colonial.
João Lourenço falava em conferência de imprensa, após a assinatura de 12 acordos para o reforço da cooperação entre Angola e Portugal, no quadro da visita oficial do primeiro-ministro luso, Luís Montenegro.
“Se Angola, durante os 49 anos de Independência, nunca colocou esta questão, nós não a colocaremos nunca”, vincou.
Fundamentou que esta é uma questão um pouco parecida com a situação das fronteiras entre os países, que, ao longo dos séculos, foram mudando e que, se fôr levantada hoje, "trás muita discussão e solução nenhuma".
Segundo João Lourenço, os países colonizadores nunca teriam a capacidade real para fazer uma reparação do justo valor. “Isto é impossível, não é difícil”.
Por outro lado, entende o estadista, Portugal não foi a única potência colonizadora, foram tantos outros como Espanha, França, Inglaterra, por exemplo, e isto daria uma "revolução inimaginável".
A questão da indemnização havia sido levantada pelo Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, aquando das comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos, a 25 de Abril deste ano.
Na altura, Rebelo de Sousa reconheceu a responsabilidade de Portugal pelos crimes cometidos, durante a era colonial, e sugeriu o pagamento de reparações pelos erros do passado.
"Não é apenas pedir desculpa - devida, sem dúvida - por aquilo que fizemos, porque pedir desculpa é, às vezes, o que há de mais fácil. Pede-se desculpa, vira-se as costas, e está cumprida a função. Não, é o assumir a responsabilidade para o futuro daquilo que de bom e de mau fizemos no passado", defendeu o estadista português.
No entanto, a questão suscitou várias opiniões controversas nos círculos políticos de Portugal.
Luís Montenegro efectua, desde hoje, uma visita de três dias a Angola no quadro do reforço da cooperação bilateral.
O programa da visita começou com a deposição de uma coroa de flores no Memorial Agostinho Neto, o primeiro Presidente da República de Angola. ART