Adis Abeba (Dos enviados especiais) - O Presidente da República, João Lourenço, defendeu, esta sexta-feira, em Adis Abeba, Etiópia, o acantonamento das forças do M23, o seu desarmamento e, consequentemente, a sua reintegração na sociedade congolesa (RDC).
O Presidente João Lourenço, que preside à Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), e é o medianeiro da União Africana (UA) na crise entre o Rwanda e a RDC, intervinha na reunião do Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA), que decorre à margem da 36ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da UA.
Segundo o Estadista angolano, já se tinha conseguido um cessar-fogo, na sequência do qual deveria ter acontecido o acantonamento das forças do M23, o seu desarmamento e, consequentemente, a sua reintegração na sociedade congolesa.
Lamentavelmente, disse, o único passo positivo que aconteceu em todo desse processo foi, efectivamente, o cessar-fogo. "Portanto, não conseguimos, nunca, dar o passo seguinte que se impunha, que era o de definir e preparar as áreas de acantonamento".
Segundo o Presidente João Lourenço, na reunião de hoje o foco seria a necessidade da definição das áreas de acantonamento, quem deve indicá-las, prepará-las, "com que fontes de financiamento podemos contar para manter os efectivos do M23 nestas áreas de acantonamento o tempo que for necessário, enquanto não forem reintegrados na sociedade congolesa".
"Eu acho que a nossa função, hoje, deveria andar à volta deste ponto, no fundo áreas de acantonamento, sua preparação e financiamento para manter os efectivos do M23 acantonados", afirmou.
O Presidente João Lourenço, igualmente Campeão da UA para a Paz e Reconciliação", reiterou ser necessário encontrar os melhores caminhos para a Paz no Leste da RDC.
"Este é um processo que já vai longo, passou por Luanda, pelo Quénia, Washington DC, onde nos encontramos em Dezembro último, mais uma vez em Bujumbura. Aproveitamos a oportunidade de estarmos novamente juntos, aqui em Adis Abeba, para ver se desbloqueamos os problemas que infelizmente persistem no terreno", vincou o Presidente João Lourenço.
Por seu lado, o Presidente do Burundi, Evarist Ndayishimiye, cujo país albergou a última reunião sobre a situação no Leste da RDC, disse que a paz na região é uma urgência absoluta, para quem tudo se deve fazer para que seja um facto na região.
A deterioração da situação no Leste da RDC requer atenção urgente da União Africana (UA) e do seu Conselho de Paz e Segurança, em particular, com base no seu mandato com o foco na promoção da paz e estabilidade em África.
O CPS está a analisar a necessidade do envolvimento mais abrangente da UA, Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos, SADC e ONU nos esforços para o silenciar das armas na RDC.
Uma cimeira organizada em Angola no dia 23 de Novembro de 2022, pediu um cessar-fogo e a consequente retirada das forças em confronto que se encontram no terreno. DC/AL/ADR