Luanda - O Chefe de Estado de Cabo Verde, José Maria Neves, manifestou, esta segunda-feira, profundo respeito pelo determinante contributo de Angola para o fim do Apartheid, a libertação de Nelson Mandela, o estabelecimento de um governo multirracial na África do Sul e a independência da Namíbia.
José Maria Neves, ao discursar numa sessão plenária extraordinária solene da Assembleia Nacional em sua honra, rendeu "profundo respeito e gratidão ao martirizado povo angolano pelos enormes sacrifícios consentidos", adiantando que "Angola escreveu, dessa forma, uma página empolgante e exemplar da História recente do nosso continente".
O Presidente de Cabo Verde reconheceu que o sacrifício de Angola "valeu a pena, mudou a face da África Austral, contribuindo de forma decisiva para propiciar um clima de desenvolvimento na região, com reflexos ao nível da África, no seu todo".
Salientou que "esta Angola solidária, generosa, destemida e submissa deve servir de inspiração para os demais Estados africanos, sobretudo quando a empreitada possa parecer gigantesca ou impossível, como na altura aparentava ser o combate para derrubar o regime racista da África do Sul".
Lembrou que Angola teve também de lutar pela conquista da sua paz interna, que conseguiu definitivamente em 2002, adiantando que tal facto relançou a esperança num clima de paz, de concórdia nacional e de compromisso colectivo com a reconstrução nacional.
Na sua intervenção, José Maria Neves fez votos de que Angola continue a exercer um papel inspirador e de liderança e que seja cada vez mais um actor respeitado, credível e relevante ao nível sub-regional, na África e no mundo.
Aproveitou a oportunidade para desejar que a presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), por parte de Angola, constitua um marco para a organização e para o reforço das relações entre os países de expressão portuguesa, bem como o fortalecimento da comunidade, no seu todo.
Acolhimento fraterno e aprofundamento das relações
O Estadista cabo-verdiano enfatizou que os cidadãos do seu país encontraram um porto seguro e um acolhimento fraterno em Angola, recordando que "tal como eu, todo o povo cabo-verdiano tem um parente próximo emigrado em Angola", onde, vincou, encontra-se radicada a maior comunidade de Cabo Verde, em África.
Perante os deputados angolanos, José Maria Neves disse que Angola e Cabo Verde devem encontrar formas, cada vez mais inovadoras, de aprofundamento das relações, e garantiu que, da parte do seu país, existe o firme propósito de aumentar e alargar as relações a outros sectores da actividade, correspondendo às legítimas aspirações dos cidadãos, mormente os mais ligados à iniciativa económica e empresarial.
Disse estar confiante no dinamismo e no espírito empreendedor e empresarial dos dois países.
Covid-19 e Zona de Livre Comércio
Manifestou-se apreensivo em relação as desigualdades no acesso as vacinas e aos testes de despiste da Covid-19, em África, defendendo uma sintonia no combate as ameaças sanitárias no continente, pondo em marcha uma forte diplomacia para a saúde e segurança sanitária.
José Maria entende que, numa visão mais global, é necessário pôr o comércio africano ao serviço dos africanos, pelo que considera a Zona de Livre Comércio Continental Africana um grande ganho que deve ser aproveitado, por representar um instrumento potenciador do desenvolvimento que se quer.
Participaram na sessão solene, integrando a delegação presidencial cabo-verdiana, representantes dos partidos políticos com assento no parlamento de Cabo Verde, nomeadamente do Movimento para a Democracia (MpD) e Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV), bem como de duas câmaras de comércio daquele país.