Luanda - O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, anunciou esta terça-feira, em Luanda, o reforço da linha de crédito para Angola, actualmente fixada em dois mil milhões de euros, em mais 500 milhões.
O chefe do governo português anunciou o reforço quando discursava na abertura das conversações entre as delegações de Angola e Portugal, que tiveram lugar no Palácio Presidencial, na sequência da visita oficial que efectua desde hoje ao país, a convite do Presidente da República, João Lourenço.
Disse que esta linha de credito não esta esgotada, pois "temos ainda alguma quantia significativa", cujos processos para os quais deverá ser usado o dinheiro estão ainda em fase de apreciação.
Para Luís Montenegro, a linha de crédito ajudará as empresas portuguesas que operam em Angola e o governo a efectuar investimentos em infra-estruturas e noutros domínios que possam favorecer a diversificação da economia angolana e criação de condições para o desenvolvimento do país.
Por outro lado, afirmou que estar em Angola, ao fim de três meses do seu mandato, significa que Portugal atribui à cooperação entre os dois países a maior prioridade, pelos laços de amizade e de ligação histórica incessante desde que o país ascendeu à independência.
Apontou os sectores da educação, justiça, cultura, preservação e fomento da língua portuguesa, bem como o económico como os principais por onde passa a cooperação que tem olhado, essencialmente, para o bem-estar dos dois povos.
E com este espírito que Angola e Portugal assinam vários acordos para manutenção da cooperação, de modo que ambos povos possam tem maior esperança, capacidade, riqueza e justiça social.
A propósito das relações económicas, disse que 24° governo constitucional de Portugal dará continuidade a esta parceria e vai criar um novo "grande impulso" para o seu crescimento. "Somo parceiros de Angola a toda a hora e vice-versa. Das horas difíceis e das horas de sucesso".
Realçou o apoio prestado pelo governo e às empresas angolanas numa altura em que a economia portuguesa estava com dificuldades.
Por seu turno, o Presidente da República, João Lourenço, agradeceu o incremento da linha crédito, tendo referido que já foi definido o destino a dar ao dinheiro, sem entrar em pormenores.
As conversações resultaram na assinatura de doze acordos nos domínios das finanças, turismo, administração pública, saúde, cultura, educação, formação de quadros, entre outros.
Cooperação
Angola é um dos principais parceiros comerciais de Portugal, sendo o 9° cliente de bens portugueses e 11° fornecedor da nação lusa.
A densa interligação económica que une os dois povos resulta da profunda empatia em termos humanos, afectivos, linguísticos e culturais.
Quase cinco mil empresas portuguesas exportam para Angola, tendo atingido, em 2023, os 2,2 mil milhões de euros em bens e serviços exportados para Angola (um euro equivale a cerca de 900 kwazas).
Este desempenho manteve Portugal, logo depois da China, como o segundo principal fornecedor do mercado angolano, ao lado das mais de mil e 250 empresas com capital português ou misto, que operam e investem em quase todos os sectores da economia angolana.
As construtoras são os pontas-de-lança da presença económica de Portugal em Angola, empregando largas dezenas de milhares de trabalhadores, na sua grande maioria cidadãos angolanos.
Também o agroalimentar e o agroindustrial, as energias renováveis, a indústria transformadora, a banca, as tecnologias de informação e telecomunicações, a metalomecânica, a água, o saneamento e o sector farmacêutico juntam-se ao leque de negócios lusos.
Em 2023, destaca-se a visita do então primeiro-ministro a Luanda, António Costa, da qual resultou a assinatura de 13 instrumentos bilaterais, com destaque para o Programa Estratégico de Cooperação 2023-2027 (PEC) e o aumento da linha de crédito empresarial.
Neste ano, Portugal deu um sinal importante com o alargamento do plafond da linha de financiamento, ao abrigo da Convenção Portugal-Angola, de 1,5 para dois mil milhões de euros. ART
