Adis Abeba (Dos enviados especiais) - O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, reconheceu esta sexta-feira, em Adis Abeba, Etiópia, o empenho de Angola e do seu Presidente, João Lourenço, na resolução pacífica do conflito que opõe a RDC e o Rwanda.
O Chefe da diplomacia portuguesa falava à imprensa angolana, em Adis Abeba, à margem da Reunião do Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA), dedicada à situação no Leste da República Democrática do Congo (RDC).
Segundo João Gomes Cravinho, Angola tem um grande peso diplomático na região e em África em geral, sendo positivo que o país esteja a utilizar esse peso para procurar trazer a paz "para uma região que infelizmente não conhece a paz há muito tempo".
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal disse que vê Angola como um país que exerce, hoje em dia, uma influência extremamente positiva para a paz e a estabilidade na região.
Ressaltou, também, o papel de Angola e do Presidente João Lourenço na pacificação da República Centro-Africana (RCA), onde Portugal tem destacado um contingente de manutenção de paz.
Reconheceu que Angola tem um diálogo muito próximo com o Presidente Faustin Toadera e outros países que desempenham um papel fundamental naquela região.
"Digamos que toda a lógica da nossa presença militar também tem a ver com a capacidade de compreender politicamente a situação, através do nosso diálogo com Angola", frisou.
Parceria com a União Africana
João Gomes Cravinho deu a conhecer que Portugal é parceiro da União Africana que pode ajudar a fazer a ponte entre a Europa e África.
"Quando na União Europeia se fala de África, os olhos viram-se para Portugal para saber o que tem a dizer. Portanto, para nós, é extremamente importante ter um contacto directo e próximo com os interlocutores africanos para estarmos actualizados sobre os grandes temas do continente", sustentou.
Notou que, mesmo no momento em que o mundo se debate com uma "situação da violação da integridade territorial da Ucrânia, pela Rússia, é evidente a nossa aposta na permanência, na continuidade do diálogo com África".
Em relação ao processo de criação da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), o diplomata luso considerou este espaço alargado de livre comércio como um contributo importante para a estabilidade da paz e prosperidade do continente.
"Acreditamos que possa servir para reforçar também as ligações bi-regionais com o continente europeu" expressou.
Concessão de vistos
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal disse ter conhecimento da problemática da concessão de vistos dos cidadãos angolanos para Portugal, notando que estão a trabalhar para melhorar cada vez mais esses serviços.
"Temos vindo a aumentar a concessão de vistos, o que acontece é que a procura também está a aumentar e a frustração aumenta, não porque a gente esteja a dar menos vistos, estamos a dar mais, mas tudo porque a procura é maior", aclarou.
Informou que estão a reforçar as equipas em Luanda para o processamento de vistos, sustentando que, actualmente, têm uma taxa de indeferimento muito baixa, "a esmagadora maioria obtém o visto, alguns não obtêm porque não têm a documentação necessária".
Fez saber que o Acordo de Mobilidade no âmbito da CPLP, que está num processo de implementação, vai facilitar a tramitação da concessão de vistos para nacionais, isto é, para Portugal os vistos sheguem para toda Europa esses continuam a ter os mesmos critérios. DC/AL/ADR